Pesquisa feita pela Apeoesp também revela que mais da metade considera sua escola violenta
Quase metade dos professores da rede pública de São Paulo foram vítimas de algum tipo de violência durante o exercício da profissão. De acordo com a pesquisa feita pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), 44% dos professores de unidades estaduais disseram ter sofrido algum tipo de agressão, física ou verbal e 57% dos entrevistados disseram considerar violenta a escola que frequentam.
Enquanto 39% dos entrevistados revelaram que as agressões verbais (como xingamentos e falta de respeito) são os principais problemas, um grupo de 5% afirmou já ter sofrido agressão física. “A violência na escola é muito comum e tem muito professor com medo de denunciar. Só que se a gente não fizer nada, as ameaças aumentam”, conta a professora E., que chegou a fazer um boletim de ocorrência contra um aluno que a ameaçou.
O diagnóstico elaborado pela Apeoesp revelou que 84% dos professores presenciaram ou ficaram sabendo de casos de violência na escola em que lecionaram no ano passado. A pesquisa, que ouviu 1,4 mil pessoas em 167 municípios do Estado, revela que 95% dos professores acreditam que o uso de drogas e de álcool, o tráfico de drogas e a briga de gangues são as situações que mais geram violência.
A professora E., de Campinas, faz parte dessa estatística. Ela conta que a violência contra o professor atinge muitos professores. “Uma vez peguei três alunos do terceiro ano do Ensino Médio colando. Disse que iria dar zero e eles me perguntaram se eu queria morrer. Eles já tinham problemas de disciplina e agressividade. Não tive dúvida em procurar a delegacia e denunciar o caso”, conta.
Os alunos foram expulsos, mas os casos de violência na escola não pararam. “Era comum alunos quebrarem portas, chutar, ameaçar professores e funcionários. E os professores tinham medo. Um dia vi no corredor da escola três rapazes torcendo o braço de um outro professor”, narra.
A professora do Ensino Médio T. conta que perdeu a conta das vezes em que foi desrespeitada pelos estudantes. “A agressividade é constante, a gente não pode chamar a atenção que a resposta é agressiva, eles jogam papéis e coisas na gente.” T. conta que estava presente quando um estudante colocou um pedaço de madeira sobre a porta na hora que a professora estava entrando na sala. “Não deu tempo de fazer nada e aquilo caiu na cabeça dela. É muita falta de respeito”, diz.
A pesquisa mostrou que quase metade dos professores (47%) acredita que a desestruturação familiar é a maior razão da violência. Outros 49% pensam que é resultado da educação que os alunos recebem em casa. “É um problema grave e os professores têm que denunciar. O jovem não pode perceber que o que ele fez é aceitável”, afirma a professora E.