IRACEMÁPOLIS

Região é oásis para as grandes montadoras

Vinda da Mercedes-Benz fortalece a região como polo para o setor automotivo

Cecília Polycarpo
06/10/2013 às 18:47.
Atualizado em 27/04/2022 às 16:54

O anúncio da implantação de uma linha de montagem de automóveis da Mercedes-Benz em Iracemápolis (a 75 quilômetros de Campinas), na última quarta-feira, consolida a região como um dos principais cinturões automobilísticos do País. A área entre Campinas, Mogi Guaçu e Piracicaba tem pelo menos sete grandes montadoras, além de dezenas de multinacionais de autopeças. O arranjo produtivo local inclui companhias fornecedoras de equipamentos, insumos, prestadores de serviços, políticas municipais de atração de investimentos, modal de transporte rodoviário eficiente e o Aeroporto Internacional de Viracopos, o segundo maior terminal de cargas do Brasil.Foram essas as características que atraíram a indústria a um município com pouco mais de 20 mil habitantes, vizinho a Limeira. A Mercedes-Benz empregará R$ 500 milhões na primeira fábrica brasileira de carros de luxo da marca, e a obra deve gerar mais de 3 mil empregos indiretos até 2015. Segundo a Prefeitura de Iracemápolis, a produção irá triplicar a arrecadação de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e dobrar o orçamento da cidade até 2018. A Honda também irá investir R$ 200 milhões na construção de uma sede administrativa e de um centro de desenvolvimento tecnológico anexos à fabrica de Sumaré.Apesar da disputa acirrada entre municípios de pequeno e médio porte, que fazem concessões e oferecerem benefícios para ter os modernos parques fabris dentro de seus perímetros urbanos, a “facilidade logística” pesa mais para diretores de grandes empresas na escolha do local ideal de instalação das fábricas.O diretor da regional campineira do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp-Campinas), José Nunes Filho, acredita que Viracopos hoje é um dos principais apelos das cidades da região. “Os automóveis são plataformas mundiais, com peças feitas em diversos países. As multinacionais dependem de uma logística em tempo real para os componentes chegarem nas montadoras. E Viracopos é ligado às melhores rodovias do País”, explicou.A economia de aglomeração industrial automotiva na região gera o chamado “círculo virtuoso” para as empresas. A vinda de uma multinacional beneficia não só a economia da cidade, com geração de empregos e arrecadação de impostos, mas grandes e médias companhias ligadas ao setor de auto-peças. Campinas é polo produtor de componentes automotivos, com grandes indústrias como a Bosch e a Pirelli, mas também com dezenas de metalúrgicas de pequeno e médio porte. Indaiatuba, Hortolândia, Valinhos e Vinhedo também abrigam multinacionais. “Companhias de logística, galpões industriais e prestadores de serviços se fortalecem ainda mais com a vinda de montadoras. E criam a oportunidade de implantação de ainda mais empresas satélites”, completou.TreinamentoAs montadoras que aportaram na região há mais de uma década foram as que enfrentaram maior dificuldade para desenvolver suas fábricas, segundo o diretor da Faculdade de Ciências Econômicas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), Adauto Ribeiro. “Eles desbravaram a região. Tiveram que negociar com Prefeituras uma legislação mais flexível para as indústrias e incentivaram a criação de escolas técnicas e cursos de qualificação”, explicou. A mão-de-obra bem treinada e grande quantidade de cursos tecnológicos são também fatores de atração para as empresas. Além disso, as cidades criaram legislações modernas, que oferecem segurança jurídica para que grande indústrias se instalarem, sem entraves burocráticos ou ambientais.O próximo passo, de acordo com o diretor, é a instalação de centros de pesquisas e desenvolvimento de produtos automotores. “Temos que criar condições para que as indústrias criem tecnologia aqui. Seria esse o caminho natural para as cidades do entorno de Campinas, uma vez que a região tem as melhores faculdades e institutos do País”, completou.

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