Os protestos convocados pelas redes sociais para este sábado, 7 de Setembro, se espalham por várias cidades do País. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, mil pessoas estariam concentradas em manifestação em Brasília. A previsão engloba tanto as pessoas que estão no gramado central em frente ao Congresso Nacional quanto as que ainda descem o Eixo Monumental, a via de acesso à Esplanada. Os manifestantes partiram da área do Museu Nacional pouco antes do fim do desfile oficial em comemoração ao Dia da Independência nesta manhã. Os manifestantes chegaram a ter a passagem impedida pela Polícia Militar do DF por alguns minutos. A marcha foi então liberada. O bloqueio, de acordo com o coronel Edilson, ocorreu para que houvesse tempo suficiente para evacuar as autoridades que assistiam ao desfile. Já a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, que estimou o total de participantes, justificou a ação alegando que os manifestantes não deixavam que suas mochilas fosse revistadas. Vários movimentos compõem a manifestação. Eles pedem o fim da corrupção, a prisão de condenados no processo do mensalão, mais investimentos para a Saúde e Educação e o fim do voto secreto no parlamento, entre outros temas. Também faz parte da manifestação um grupo ligado à central sindical CTB, que levanta bandeiras, como a redução da jornada de trabalho. SÃO PAULOAs manifestações na capital paulista nesta manhã foram pacíficas e sem ocorrências registradas pela Polícia Militar de São Paulo. Havia dois pontos de concentração de protestos. O primeiro, na Praça da Sé, reúne cerca de 500 pessoas. Na Avenida Paulista, são 350 manifestantes que, segundo a CET, ocupando duas faixas no sentido Consolação, junto à Praça Oswaldo Cruz. Os números foram divulgados pela PM, que informou ainda que os dois protestos fazem parte do Grito dos ExcluÍdos.Tradicionalmente participam do movimento igrejas, pastorais, movimentos sociais e populares e centrais sindicais. Este ano, o 19º Grito dos Excluídos tem como tema a juventude, com o intuito de chamar a atenção para os problemas encarados principalmente por jovens de periferia. Em São Paulo, o ato começou às 8h na Catedral da Sé.
Para a tarde são esperados novos protestos em São Paulo, convocados pelo grupo Anonymous Brasil via internet. A concentração está marcada para o vão livre do Masp, às 14h. Há movimentações também na internet que sugerem ação de Black Blocs que usam a violência como estratégia política, no período da tarde em São Paulo.
Uma das pautas do Grito dos Excluídos no protesto é a violência na periferia. Para os representantes do grupo, o que acontece atualmente pode ser classificado como “extermínio” da juventude brasileira, principalmente dos negros. No Parque do Ibirapuera, onde cerca de 4 mil manifestantes realizam um ato, está sendo distribuído um panfleto condenando esse tipo de ação.
“Há um tema gravíssimo que temos que resolver já: a violência policial contra os jovens. Hoje temos um instrumento que encobre essa violência, que é o chamado auto de resistência. É por meio dele que o policial mata o jovem e depois diz que foi porque teve resistência. Nós estamos tentando aprovar no Congresso Nacional uma lei que investigue quando há auto de resistência”, disse o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP).
Com relação ao Programa Mais Médicos, os manifestantes avaliam que os profissionais que chegaram no Brasil nos últimos dias são muito bem-vindos, porque vão garantir acesso à saúde e aos cuidados básicos para a população mais carente.
"Infelizmente, mesmo pagando, os médicos brasileiros se recusam a ir para a periferia. O programa nacionalizou o debate do acesso à saúde e estabeleceu uma agenda com a solidariedade de diversos países, especialmente com Cuba. A gente condena e repudia o preconceito com que os médicos cubanos foram tratados por um conjunto de profissionais liderados por setores dos conselhos regionais de medicina. Esses médicos estrangeiros serão muito bem-vindos”, avalia Benedito Roberto Barbosa, diretor da Central de Movimentos Populares.
FORTALEZA
Trinta pessoas que participavam de manifestações em Fortaleza foram encaminhadas a uma delegacia da Polícia Civil porque estavam usando máscaras, capuzes e lenços que impediam a visão do rosto. Os detidos também estavam com pedras, bolas de gude, estilingues e pregos, que foram retidos na delegacia para encaminhamento à Justiça. Nenhum portava documento de identificação. Segundo a Polícia Militar (PM), são esperadas 20 mil pessoas nos protestos em Fortaleza. Nas páginas de redes sociais na internet, mais de 10 mil pessoas haviam confirmado presença até sexta-feria (6).
De acordo com o comandante da operação de segurança na capital cearense, Túlio Studart, os encaminhamentos à delegacia foram feitos em cumprimento a uma medida cautelar, expedida pelo Ministério Público, que autoriza policiais militares e civis a abordarem manifestantes que estejam com o rosto coberto. A medida também permite a detenção das pessoas sem identificação para que isso seja feito.
Segundo Studart, todos manifestantes já foram identificados e liberados. Um efetivo de 900 PMs está distribuído nos possíveis locais de manifestações, como no Dragão do Mar, na Assembleia Legislativa, no Palácio de Iracema e na Praça da Abolição.
"Estamos aqui para dar segurança a todos, principalmente aos manifestantes e às pessoas que irão sair às ruas pacificamente. Elas estão exercendo o seu direito à cidadania", disse o comandante
SITES
O grupo Anonymous Brasil derrubou neste sábado os sites da Polícia Militar do Rio de Janeiro e do Distrito Federal. Em sua conta do Twitter, os hackers deixaram por volta do meio-dia a seguinte mensagem: "Antes que eles comecem com porrada, vamos começar a nossa". O site da PM do Rio de Janeiro já voltou ao ar mas o do Distrito Federal continua sem possibilidade de acesso.
Na sexta-feira (6), o grupo também invadiu o site do PMDB e postou um vídeo criticando a atuação da polícia durante os protestos. "Em vez de intimidar, polícia deveria proteger manifestantes de grupos infiltrados", diz a mensagem.
O vídeo afirma que enquanto governos proíbem o uso de máscaras pelos manifestantes, deputados "se escondem" atrás de votos secretos. Ainda na sexta-feira o PMDB tirou o site do ar, que ainda não retornou.
A mensagem já tem mais de 60 mil visualizações no YouTube e convoca os internautas a se manifestarem nas ruas. Eles pedem por mudanças, em vez de "pronunciamentos vazios da Presidente".
Em agosto, Anonymous já havia invadido o site do partido em duas ocasiões. Nas duas vezes, o Anonymous Brasil questionava o governador Sérgio Cabral (PMDB) sobre o paradeiro de Amarildo de Souza, desaparecido desde 14 de julho após ser detido por policiais na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na Rocinha.
RIO
No Rio de Janeiro o clima entre manifestantes e policiais continua tenso, com detenções e tumultos sendo contidos pela PM com bombas de gás.