MARIKANA

Polícia sul-africana é acusada de mentir sobre massacre

Principal questão que comissão de investigação deve esclarecer é justificativa de legítima defesa

France Press
19/09/2013 às 11:34.
Atualizado em 27/04/2022 às 16:34

A polícia sul-africana foi acusada nesta quinta-feira de ter mentido sobre o massacre de Marikana, que causou a morte de 34 mineiros em greve em 16 de outubro de 2012, pela comissão que investiga a ação policial contra os grevistas. Em um comunicado, a comissão indicou "ter obtido documentos que provam que a versão da polícia sobre o que aconteceu em Marikana (...) não corresponde à verdade". "Nós obtivemos documentos que a polícia sul-africana dizia não existir", indicou a comissão no comunicado à imprensa, anunciando a suspensão de suas audiências até quarta-feira para a análise dos novos documentos. Ela acrescenta ainda que possui "documentos que deveriam ter sido divulgados mas que não foram", e documentos "que parecem ter sido fabricados depois dos eventos", especialmente em uma reunião da polícia para preparar sua apresentação. A comissão garante que "os documentos não foram descobertos pelos investigadores, mas entregues voluntariamente por membros da polícia sul-africana". "Nos últimos dez dias, os chefes investigadores da comissão tiveram acesso aos dados informáticos de membros da polícia, e obteve cópias de documentos policiais que não haviam sido acessados", de acordo com o comunicado. A principal questão que a Comissão deve responder é se a polícia tem razão em dizer que agiram em legítima defesa quando atiraram contra os mineiros. Em 16 de agosto de 2012, a polícia sul-africana reprimiu os empregados em greve do grupo britânico Lonmin, abrindo fogo contra a multidão na mina de platina de Marikana, a 100 km de Joanesburgo (norte) . O governo sul-africano financia sete advogados que representam a polícia na investigação. As primeiras audiências revelaram que algumas vítimas foram perseguidas pela polícia e baleadas pelas costas, mas o chefe da polícia nacional, Riah Phiyega, sempre manteve uma atitude evasiva e nunca admitiu qualquer responsabilidade. Este assassinato em massa é sem precedentes desde o fim do regime racista do apartheid. Até o momento, nenhum policial foi acusado.

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