Com sede em Istambul, a Coalizão é considerada um dos mais importantes representantes da oposição
A Coalizão da oposição síria chega à Conferência de Genebra II dividida e com dúvidas sobre sua capacidade de implementar um eventual acordo para resolver um conflito que já deixou mais de 130.000 mortos em quase três anos. Com sede em Istambul, a Coalizão - que reúne vários grupos de oposição - é considerada um dos mais importantes representantes da oposição síria, mas tem tido dificuldades para apresentar uma frente unida, e luta para ser reconhecida no campo de batalha. No sábado, a Coalizão votou opor 58 votos contra 14 e duas abstenções a favor da participação na conferência internacional, que começa na quarta-feira em Montreux com as negociações entre o regime e oposição. Mas 45 de seus membros se recusaram a participar da votação e o Conselho Nacional Sírio (CNS), o maior dos componentes, anunciou, às vésperas da abertura da conferência de paz, que não viajará à Suíça. "Toda a ideia de Genebra é um erro", declarou recentemente à AFP Samir Nashar, membro do CNS. De acordo com ele, Genebra II "procura conciliar as posições do regime sírio e as da oposição, colocando-os em pé de igualdade". "A comunidade internacional não tem nada a oferecer que faça a nossa posição mudar", insistiu. Para Salam Shaikh, diretor do Brookings Doha Center, a retirada do CNS é estratégica e permitirá que se proteja em caso de fracasso do diálogo. "Se a Coalizão quebrar a cara, existem diferentes grupos que estão manobrando para assumir a liderança", considerou. "Esta é uma das principais razões para a decisão do CNS", disse. Segundo ele, o CNS e a Irmandade Muçulmana mantiveram alguns membros dentro da Coalizão, o que lhes permite não ser excluídos das negociações caso haja um diálogo verdadeiro. A retirada do CNS não é uma surpresa, devido à sua oposição de longa data à realização da conferência. O principal obstáculo nas negociações de paz será, provavelmente, as divergências entre a oposição e o regime quanto ao futuro de Bashar al-Assad. O governo sírio afirmou que está fora de questão discutir a saída do presidente, mas para o líder da Coalizão, Ahmad Jarba, a conferência deve marcar uma guinada na guerra e beneficiar a queda do presidente. "As negociações de Genebra II têm como único propósito atender às exigências da revolução (...) e, acima de tudo, retirar do açougueiro (Assad) todos os seus poderes", declarou no sábado. Mas a Coalizão viaja para Genebra sem obter quaisquer concessões, incluindo a abertura de corredores humanitários e a libertação de prisioneiros, como havia exigido para a sua participação. As expectativas continuam baixas "Nós exigimos que o estabelecimento de um governo de transição fosse o principal item da pauta, e nós fizemos com que esta exigência aparecesse na carta (convite) do secretário-geral da ONU", declarou à AFP o porta-voz da Coalizão, Louay Safy. As expectativas quanto aos resultados de Genebra II permanecem baixas entre a oposição, que teme que resulte apenas em uma maior legitimidade ao regime. Mas, segundo Safy, "a oposição não permitirá isso". A Coalizão no exílio também enfrenta a questão da sua influência no campo de batalha, já que grande parte dos combatentes acusam-na de estar confortavelmente instalada em Istambul e rejeitam a sua autoridade. Na semana passada, uma fonte diplomática afirmou que representantes de quatro formações rebeldes se reuniram na Turquia para discussões paralelas sobre a participação em Genebra II. No sábado, Safy indicou que três delas haviam concordado em ir para a Suíça, mas acrescentou que a poderosa Frente Islâmica se opõe, o que poderia ameaçar a capacidade da coalizão de impor qualquer acordo que possa ser concluído em Genebra. Veja também Rússia considera um erro excluir Irã da conferência Ban Ki-moon, pouco depois de ter convidado o Irã, decidiu excluí-lo da conferência de paz Genebra II Incerteza sobre conferência de paz sobre a Síria Presidente sírio anunciou que há "muitas possibilidades" de que seja novamente candidato à presidência Oposição síria boicotará conferência de Genebra II Opositores ao regime de Bashar al-Assad rejeitam o convite ao Irã de participar da conferência Irã rejeita condições para conferência Genebra II O Irã se comprometeu a ter "um papel positivo e construtivo" para colocar fim ao conflito sírio