BAURU

Mulher morre à espera de remédio para combater câncer

Morte de Claudete Gonçalves chocou moradores da cidade que acompanhavam o drama

KellI Franco/Especial para AAN
15/04/2014 às 20:48.
Atualizado em 27/04/2022 às 19:56

Morreu nesta segunda-feira (14) Claudete Gonçalves, de 50 anos, vítima de um câncer que ataca o tecido adiposo. A luta de Claudete para viver era conhecida em Bauru (SP). Ela estava à espera de um remédio que ajudaria a controlar os inchaços e daria chances de uma nova cirurgia para retirada do câncer.No entanto, o remédio, que custa 9 mil euros (cerca de R$ 28 mil), não é custeado pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Mesmo com duas ordens judiciais para que o Estado fornecesse o medicamento, as doses da Trabectina 3 miligramas não foram liberadas à paciente.   Sentimento de derrota Em março, a Justiça chegou a determinar o bloqueio de mais de 50 mil reais das contas do Estado para que o remédio fosse repassado à paciente, mas a ordem foi descumprida. “É uma sensação de derrota. A gente conseguiu na Justiça e mesmo assim o Estado não forneceu o remédio. Quem é a Claudete para o Estado? É revoltante! Que isso sirva de exemplo... que ninguém mais morra por conta do Estado”, disse Carolina Mércia Gonçalves, 53, irmã de Claudete.Segundo Carlo Alexandre de Carvalho, advogado de Claudete, nesta terça-feira completaria 80 dias do descumprimento da primeira ordem judicial para que o medicamento fosse liberado. Ele afirma que a luta na justiça vai continuar.“O Estado permitiu que a Claudete morresse mesmo depois de ganharmos na Justiça o direito ao tratamento. E quem é o responsável? Vamos pedir a prisão da pessoa responsável pelo DRS-6 (Departamento Regional de Saúde) que não acatou a ordem da Justiça”, disse. O corpo de Claudete foi velado em Bauru e enterrado no Cemitério Santa Isabel, em Arealva.Nota oficial da Secretaria de Saúde do EstadoO Departamento Regional de Saúde de Bauru (DRS) esclarece que o medicamento Trabectedina não faz parte da lista do Ministério da Saúde para distribuição na rede pública. E que, muito embora tenha registro na Anvisa, o remédio não é fabricado no Brasil.Imediatamente após receber a decisão judicial para a compra do remédio em questão, o DRS iniciou o processo de compra.Por ser importado (origem alemã), o processo de aquisição depende de autorizações de importação por parte do Governo Federal e liberação alfandegária. Além disso, por ser um órgão público, o DRS necessita seguir a Lei de Licitações.A importação do medicamento se encontra em fase final, com expectativa de envio do produto via Inglaterra para liberação alfandegária de embarque.

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