Políticas repressivas se revelaram ineficazes e resultaram no aumento de poder dos traficantes
O presidente uruguaio, José Mujica, reagiu com irritação na noite de quinta-feira (12) às críticas de um órgão da ONU sobre a legalização da maconha aprovada nesta semana no país. O presidente da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE), Raymond Yans, lamentou a decisão uruguaia e reclamou do fato de não ter sido recebido pelas autoridades do país. "Comigo se reúne qualquer tipo de pessoa na rua. Que venha ao Uruguai e se reúna comigo quando quiser. Que não fale para a tribuna", disse Mujica. "Porque estão em um posto de pedestal acreditam que podem dizer qualquer disparate", completou. "Que venha, mas vai ter que explicar o que acontece em um monte de estados americanos, onde cada um deles, apenas com a capital, superam a população do Uruguai. Ou tem dois discursos, um para o Uruguai e outro para os que são fortes?", questionou, a respeito das legislações dos estados americanos de Washington e Colorado. O país sul-americano, de 3,3 milhões de habitantes, se tornou o primeiro país a legalizar a produção e a venda de maconha, uma iniciativa considerada pelo governo como um experimento para enfrentar o narcotráfico, em um continente no qual as políticas repressivas se revelaram ineficazes e resultaram em banhos de sangue e no aumento de poder dos grupos criminosos. Mas para a JIFE, a legislação contradiz a convenção de 1961 sobre narcóticos, assinada pelo Uruguai. Veja também Legalização da maconha viola normas mundiais O organismo de controle de drogas das Nações Unidas lamentou nesta quarta-feira decisão o governo do Uruguai Uruguai é primeiro país do mundo a legalizar maconha Após 12 horas de debate, projeto foi aprovado por 16 dos 29 votos, com apoio total da coalizão governista