IMPRENSA

Jornalistas são presos por militares na Venezuela

No início da noite, o grupo foi solto pelos militares, após passar várias horas no quartel do Exército

France Presse
02/11/2013 às 09:39.
Atualizado em 27/04/2022 às 17:13

A imprensa da Venezuela denunciou que duas jornalistas e um fotógrafo do jornal Diario 2001 foram agredidos e presos na tarde de sexta-feira (1) por militares quando cobriam uma feira popular natalina organizada pelo governo. "Os jornalistas Eliscartt Ramos, Dayana Escalon e Jorge Santos (fotógrafo) foram atacados por militares quando cobriam a Feira Natalina de Los Próceres e estão detidos em Forte Tiuna", em Caracas, denunciou o site do Diario 2001. No início da noite, o grupo foi solto pelos militares, após passar várias horas no quartel do Exército. "Estamos livres (...) depois de um longo pesadelo. Mas vamos continuar fazendo jornalismo", escreveu a jornalista Eliscartt Ramos. O Diario 2001 é alvo de uma investigação da Procuradoria-Geral após publicar, em 10 de outubro passado, uma matéria sobre a falta de gasolina em Caracas, o que provocou uma forte reação do presidente Nicolás Maduro. Segundo a diretora do Diario 2001, Luz Mely Reyes, os jornalistas "estavam em Los Próceres cobrindo uma feira de alimentação (...) quando ocorreu um alvoroço entre algumas pessoas que estavam lá, o fotógrafo fez algumas imagens e oito militares o agrediram e o levaram preso". O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, tem multiplicado nos últimos dias suas críticas aos meios de comunicação, que acusa de participar de um plano da oposição para provocar o colapso do governo. Na quinta-feira, Maduro denunciou "um ataque em massa envolvendo o Twitter e a direita internacional contra as contas de patriotas bolivarianos e chavistas venezuelanos, incluindo a minha, da qual acabam de tirar milhares de seguidores". Há uma semana, Maduro anunciou a reativação dos "comandos anti-golpe" cívico-militares, criados pelo finado presidente Hugo Chávez, para combater o "golpe continuado" da oposição por meio da "guerra econômica" e da sabotagem de instalações estratégicas. "Estamos diante da presença não apenas de uma guerra (econômica), mas também diante de um golpe continuado contra o Estado e contra o povo. Por isto, decidi e vamos (...) ativar e reativar o comando anti-golpe criado pelo comandante Chávez". Maduro acusa a oposição pelas falhas no fornecimento de energia elétrica - como o apagão que afetou grande parte da Venezuela no início de setembro ou a explosão que em agosto de 2012 paralisou a refinaria Amuay - e pelo desabastecimento crônico no país. A crise econômica se aprofundou na Venezuela em 2013, com contínuas altas nos preços dos alimentos e escassez de alguns produtos e os analistas projetam que a inflação alcançará 50% ao ano contra um prognóstico inicial do governo de entre 14% e 16%. O país enfrenta uma escassez cíclica de alimentos como açúcar, café, azeite e leite, ou produtos básicos como papel higiênico.

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