Eventos pulverizados pelo Facebook convocam atos anticorrupção em várias cidades brasileiras
Em diversos eventos pulverizados pelo Facebook, grupos que não se intitulam “nem de direita nem de esquerda” convocam atos anticorrupção em várias cidades brasileiras. Alguns defendem a volta das Forças Armadas ao comando do País e todos clamam pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), além de serem contra “qualquer bandeira” fora a brasileira em protestos.
Embora partam de comunidades distintas nas redes sociais, as lideranças formam grupos afins, que divulgam os eventos uns dos outros. A página do Facebook nasruas, moderada pela ativista Carla Zambelli, funciona como âncora para espalhar atos de várias organizações.
Em São Paulo, por exemplo, para o mesmo horário e local (17 horas de amanhã, 26, em frente ao Masp) estão marcados os atos Por Um Brasil Melhor e Menos Corrupto e Reconstruindo o Brasil - este último organizado pela Organização de Combate à Corrupção (OCC), que defende a volta do militarismo.
“Roubamos a pauta porque o Movimento Passe Livre tem um tema muito restrito, que não nos representa. Eles insistem em dizer que o tema é reforma agrária e mobilidade, mas o povo brasileiro provou que a luta é contra corrupção. No protesto de quinta, ninguém tinha cartaz de reforma agrária”, diz Carla. “Só ‘petralha’ para dizer que o movimento anticorrupção é ‘vago’. Se não for pelo amor é pela dor, a gente quer parar o Brasil mesmo.”
Carla defende que “não existe direita e esquerda mais, mas o que é bom e o que é ruim”. Diz não defender a ditadura militar, mas faz ressalvas. “Talvez eles (grupos que defendem o militarismo) estejam certos em dizer que Forças Armadas tenham de tomar conta. A gente quer que os fichas-sujas saiam do Senado e do Congresso. Mas como tirá-los? Não há demissão. Então a Comissão de Ética tem de entrar, ou as Forças Armadas tirá-los dali”, diz.
“Mas eu acho que não precisa ser as Forças Armadas, pode ser o próprio povo.”
Para o fundador do Revoltados Online - que também convoca as manifestações anticorrupção -, Marcello Reis, “não é o momento” de falar se o grupo é contra ou a favor do militarismo. “Não achamos que agora há necessidade de falar isso. Não é que nós somos contra ou a favor (da intervenção armada). Se for necessário, sim.”
Reis acredita que uma alternativa ao regime militar é a redução dos partidos a cinco - dois de direita, dois de esquerda e um de centro. “Temos mais de 40 partidos, mas não temos 40 ideologias. Uma solução imediata, se houvesse o impeachment da Dilma, seria deixar o Joaquim Barbosa por seis meses como presidente até que fossem convocadas novas eleições, das quais só participariam partidos fichas-limpas.”
Sem bandeiras. Carla, que também mantém o Movimento Pátria Minha é a favor de que se queimem “todas as bandeiras que aparecerem em manifestação”. “Se aparecer com a bandeira do PSDB vamos queimar do mesmo jeito. Mas peraí, PT, você é um dos principais culpados da manifestação! Que vá com a camiseta do Brasil.”