Ministra ucraniana disse que, se o edifício não for liberado, pedirá a interrupção das negociações
As autoridades da Ucrânia ameaçaram nesta segunda-feira (27) instaurar um estado de emergência após a tomada por manifestantes do ministério da Justiça em Kiev, enquanto aumentam por todo o país os confrontos entre o governo e a oposição. A ocupação do ministério ocorreu depois que o presidente Viktor Yanukovytch propôs que a oposição dirigisse o governo, e às vésperas de uma sessão extraordinária do parlamento ucraniano e de uma importante reunião do governo russo com a União Europeia em Bruxelas. A ministra ucraniana da Justiça, Olena Lukash, que participa das negociações entre a oposição e o presidente Yanukovytch, declarou à televisão que exigirá a sua interrupção se o edifício não for esvaziado. "Vou ser obrigada a pedir ao presidente ucraniano que suspenda as negociações se o edifício não foi evacuado imediatamente e se os negociadores não tiverem a possibilidade de encontrar uma solução pacífica ao conflito", disse Lukash. A ministra advertiu que irá propor ao Conselho de Segurança da Ucrânia "a instauração do estado de emergência". No domingo, dezenas de manifestantes invadiram o ministério da Justiça, sem encontrar resistência. Rapidamente montaram uma barricada ao redor do edifício, com sacos de neve e lixo. Desta forma ampliaram o perímetro da zona que ocupam em torno da Praça da Independência, epicentro do movimento de protesto contra o governo que surgiu há dois meses, quando o presidente desistiu de assinar um acordo de livre comércio com a União Europeia e se aproximar da Rússia. Nesta segunda-feira, a União Europeia convocou as autoridades da Ucrânia a "cumprir com as promessas" feitas à oposição e os opositores a "se dissociar claramente de todos aqueles que recorrem à violência". O líder opositor Vitali Klitschko, que também participa das negociações com Yanukovich, tentou na noite de domingo obter o esvaziamento do ministério da Justiça, mas não teve sucesso, indicou a agência Interfax-Ucrânia. Tensão nas regiões O movimento de protesto se radicalizou bruscamente na semana passada e se estendeu praticamente a todo o país. Os violentos confrontos entre os manifestantes e as forças de segurança deixaram até o momento três mortos. O presidente ucraniano, Viktor Yanukovytch, propôs no sábado que a oposição dirija o governo e uma reforma constitucional, mas a oposição reagiu com desconfiança e exige agora uma eleição presidencial antecipada. Yanukovytch propôs o cargo de primeiro-ministro ao opositor Arséni Yatséniuk e o de vice-primeiro-ministro ao ex-boxeador Vitali Klitschko. As propostas de Yanukovytch são "venenosas" e querem "dividir o movimento de oposição", declarou Klitschko ao jornal alemão Bild am Sonntag. Nas regiões, enquanto isso, a situação se torna cada vez mais tensa. A administração regional está bloqueada em 14 das 25 províncias do país. Os opositores ocupam as sedes administrativas dos governadores em dez cidades e cercam outras quatro. Embora estas ações sejam realizadas, sobretudo, na Ucrânia ocidental, nacionalista e mais aberta à UE, o protesto também começa a ser sentido em regiões russófonas. Em Zaporijjia, sul do país, a polícia dispersou 3.000 manifestantes que queriam ocupar a sede da administração. Na parte ocidental da Ucrânia, favorável à oposição, as assembleias regionais de Ivano-Frankivsk e de Ternopil anunciaram no domingo que haviam decidido a proibição do Partido das Regiões do presidente Yanukovytch. Já em Kiev a mobilização foi menor no domingo em comparação com os dias anteriores. Veja também Manifestantes tomam o controle do Ministério da Justiça Apenas três vigias estavam no local no momento do ataque e não opuseram resistência à invasão Europa registra protestos contra presidente ucraniano Manifestantes se solidarizam em capitais europeias ao movimento de contestação na Ucrânia Presidente ucraniano recebe opositores Encontro tentará achar uma saída para a crise que atingiu o país e já deixou pelo menos três mortos Manifestantes ucranianos ocupam ministério em Kiev Após negociações entre o presidente e os líderes da oposição, governo aplica modestas concessões