CARROS

Fusca, xodó dos brasileiros, comemora aniversário

Nesta segunda, é o Dia Nacional do Fusca, o carro mais vendido de todos os tempos no Brasil

Marcelo Rocha /Especial para a Gazeta de Piracicaba
faleconosco@rac.com.br
20/01/2014 às 10:42.
Atualizado em 27/04/2022 às 18:32

Ele não tem freios ABS, direção hidráulica, air-bag, ar-condicionado, motor flex, controle de tração, sistema de navegação GPS, som mutimídia, câmbio automático, suspensão inteligente e outras parafernálias tecnológicas (maravilhosas, diga-se!) dos carros de hoje. Ok! Mas o Fusca - o clássico da Volkswagen, a primeira e arrebatadora paixão sobre quatro rodas dos brasileiros - tem um charme e carisma inigualáveis. Nesta segunda-feira (20), é o Dia Nacional do Fusca, o carro mais vendido de todos os tempos com apenas uma geração (modelo). Ao longo da história, o Fusca já foi de tudo. Nasceu em 1938 como um carro popular alemão (a pedido de Hitler e projetado pelo engenheiro Ferdinand Porsche), já foi protagonista de filmes de Hollywood, tema de música brega, durante anos combateu o crime ao lado polícia brasileira, foi o companheiro inseparável de taxistas, desfilou carregando presidentes e virou instrumento de manobra populista. E, sem dúvida, se tornou uma espécie de xodó da família brasileira a partir dos anos 50.Para nós, virou sinônimo de carro popular. Os proprietários de Fusca são unânimes ao afirmar que a mecânica é barata e fácil de lidar. E, melhor ainda, o “besouro” aceita improvisos na hora do aperto. “Só com um arame dá pra consertar um Fusca”, dizem os especialistas no assunto. Também tem o truque da pedrinha no motor para fazer o carro andar quando se quebra o cabo do acelerador.Outro aspecto singular do veículo é o cheiro. Quem já entrou dentro de um Fusca sabe do que se trata. “O único carro que mantém o cheiro original por anos é o Fusca”, garante o empresário piracicabano Antonio Juscelino Capobiano, enquanto abre as portas de seu Fusca 1959, branco pérola, uma raridade. “Este Fusca é da última safra que veio importada da Alemanha”, explica o amante de veículos antigos.Esse Fusca 1959, com motor 1.200 cilindradas, Capobiano adquiriu há cinco anos. O veículo, que estava totalmente descaracterizado, foi restaurado nos padrões originais e consumiu mais de R$ 20 mil. “Demorei três anos para restaurar o carro, buscando peças em encontros de carros antigos e outros lugares. É um carro apto a receber a placa preta, que garante o alto índice de originalidade”, explica.Capobiano ainda tem um Hot-51, Fusca envenenado e com adaptações ao “estilo livre”. “Mudei tudo, personalizei ao meu gosto”, observa, referindo-se a acessórios como o motor 1.600 cromado, rodas modelo Porsche, volante tipo banjo, estribro cromado e a cultuada “split windows” (janela traseira repartida).O vendedor de peças de automóveis, Carlos Eduardo da Silva, 42, também possui dois Fuscas, um azul ano 1975 e um branco 1977. “Se for possível quero ter três ou mais”, confessa Silva, que sonha adquirir o modelo que possui a seta “bananinha” na coluna. “Um clássico”, ele define.A manutenção barata é um dos grandes atrativos dos “besouros”, observa Silva. “O cabo de acelerador custa R$ 5, o de embreagem R$ 10, a correia também custa por volta de R$ 10 e um jogo de velas sai por R$ 45, assim como a bomba de combustível”, relaciona.A isenção do IPVA é outra vantagem, assim como a tração traseira (ótima para áreas rurais em declive). “E também é bom quando você para no semáforo, porque ninguém vem lhe pedir moedas”, fala o vendedor, que tem baleiros e miniaturas alusivas à “baratinha” em sua casa.E todo filho de dono de Fusca andou e brincou naquele “chiqueirinho”, lembra Silva, referindo-se ao espaço atrás do banco traseiro.Outra conhecida patente do Fusca é o popular PQP (de tradução literal impublicável), o “bisavô” do air-bag. São as famosas alças localizadas no interior do veículo, no painel e ao alto nas laterais, que em caso de colisão “garantiriam” segurança aos passageiros. A paixãoO Fusca é uma paixão que vem de berço, conta Capobiano. “Meu primeiro carro, que comprei em 1975, foi um Fusca 1964”, recorda. “A simplicidade das linhas é apaixonante”, acrescenta o empresário, que é colecionador de carros antigos. “O antigomobilismo proporciona você fazer novas amizades e trocar informações sobre carros”.“Concordo que andar de Land Rover ou Ferrari é sensacional. Mas andar de Fusca é uma sensação maravilhosa, inenarrável, um prazer único”, compara Silva.“Todas as homenagens ao Fusca são mais que merecidas. É o carro mais vendido de todos os tempos com apenas uma geração. Na história do automóvel, só o Ford Modelo T conseguiu ser mais importante. E além de tudo isso, o Fusca colocou o Brasil sobre rodas, dominando o cenário das ruas e estradas do país dos anos 1960 ao começo dos 1980”, avalia Nícolas Bejar Borges, jornalista especializado no setor automobilístico, que atualmente trabalha como assessor de imprensa do do Grupo Chrysler. Paixão NacionalSem o Fusca, a história recente do Brasil não seria a mesma. A partir do dia 11 de setembro de 1950, quando as primeiras unidades do veículo desembarcaram no Porto de Santos, gerações e gerações de brasileiros andaram a bordo do modelo da Volkswagen.Em 1959, a VW, que já fabricava a Kombi em São Bernardo do Campo (SP), começa a produção do Fusca no Brasil. Em 1967, a produção atinge 500 mil veículos fabricados. Em 1972, bate a marca de 1 milhão de unidades e em 1976 chega a 2 milhões. Em 31 de outubro de 1986, é produzido o último Fusca, o de número 3.321.251 desde 1959. Sete anos depois, em agosto de 1993, o então presidente Itanar Franco retoma a fabricação do Fusca. Mas três anos depois, em 1996, a VW encerra a produção do “besouro” após a fabricação de 47.700 carros. O total de Fuscas produzidos no Brasil chegou a 3.367.390 unidades. (Fonte: www.carroantigo.com)

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