Recrutadores buscam cada vez mais profissionais pela Internet para contratação
Em julho de 2010, a administradora de empresas especializada em finanças, Rebeca Marques, foi contratada para o posto de analista de planejamento sênior da Avon no Brasil. Rebeca estava estabilizada e empregada quando um headhunter, que havia encontrado seu perfil no LinkedIn - rede social fundada nos Estados Unidos, em 2003, com foco profissional e soma, no Brasil, 13 milhões de usuários - fez contato.A história da administradora de empresas ilustra uma tendência recente do mercado de trabalho quando o assunto é recrutamento: a possibilidade, para quem contrata, de encontrar profissionais qualificados que não estão em busca de emprego e, para as pessoas, de expor talentos e experiências sem necessariamente procurar uma colocação no mercado.De acordo com o diretor de vendas do LinkedIn, Milton Beck, antes do surgimento deste tipo de ferramentas, possibilidades assim eram limitadas. As pessoas se tornavam potenciais candidatos apenas quando inscreviam seus currículos em páginas de empresas ou em sites de emprego. "Esse tipo de conexão representa uma revolução. É uma forma barata e fácil de chegar ao profissional". PesquisaOs números mostram que quem não explora adequadamente as redes sociais tornam-se invisíveis para os recrutadores. Pesquisa realizada pelo site no Brasil, com 226 recrutadores, revela que 42% consideram a rede social como principal fonte para boas contratações. A rede perde apenas para sites de emprego, que lideram o ranking sendo fonte para 48% das contratações de sucesso no país.Na comparação de 2013 com o ano anterior, o crescimento da relevância do LinkedIn para contratações é da ordem de 26% - a rede está na frente das agências de recrutamento citadas por 39% dos entrevistados.E essa revolução não se limita à forma como os recrutadores fazem seu trabalho. Ao tornar os profissionais que já estão empregados acessíveis às propostas de diversas empresas, essas redes sociais também aumentam a autonomia dos trabalhadores no que diz respeito à gestão da própria carreira.É o caso da analista de planejamentos, Rebeca Marques. "Um headhunter entrou em contato comigo pelo LinkedIn e fez uma entrevista por telefone. Em seguida, houve a conversa pessoalmente e fui aprovada. Na ocasião, estava empregada e a proposta oferecida foi bem melhor. Além disso, já estava há um tempo pleiteando esta posição", conta. DecisãoA revista Você S/A também realizou estudo em parceria com a Associação Brasileira de Recursos Humanos sobre o uso das ferramentas online no recrutamento de profissionais. Realizado entre abril e julho de 2013, questionou 262 recrutadores e 259 profissionais sobre a forma como eles utilizam as redes sociais e os sites de emprego. O resultado foi publicado no final do ano passado.A primeira constatação foi que apenas 7,4% dos departamentos de recursos humanos declaram não utilizar sites de empregos ou redes sociais na hora de recrutar. Ao contrário da visão de que o LinkedIn seria usado para recrutar apenas os profissionais de cargos mais altos, enquanto os sites de empregos focariam apenas nos cargos mais baixos, os números revelam que há uma sobreposição de públicos entre essas ferramentas. O LinkedIn lidera o ranking das mais usadas pelos recrutadores para postos tanto de presidente e diretor quanto de supervisor e coordenador, analista e especialista, o que indica uma popularização dessa rede social profissional.A gerente de negócios da Across, Rosana Tavares, empresa de recrutamento que desenvolveu um modelo de seleção exclusivamente por meio de rede social, conta que as empresas querem avaliar capacidade de relacionamento, maturidade e valores pessoais, antes mesmo das competências tradicionais como formação acadêmica, língua estrangeira, experiência profissional. "Não quer dizer que uma coisa elimine a outra, mas todas têm peso semelhante para o sucesso organizacional", afirma. FimSerá o fim do currículo convencional enviado por e-mail? Levantamento da Robert Half aponta que 34% dos executivos consideram que sim, que os currículos convencionais enviados por e-mail estão com os dias contatos e deve ser substituído pelas redes sociais.