TENSÃO

Dilma abre assembleia e critica espionagem americana

Discurso de Dilma era mutio esperado após a polêmica envolvendo a espionagem norte-americana

France Press
24/09/2013 às 09:13.
Atualizado em 27/04/2022 às 16:40

A presidente Dilma Rousseff denunciou nesta terça-feira, em um discurso na Assembleia Geral da ONU, o caso de espionagem dos Estados Unidos, afirmando que fere o direito internacional, e pediu um controle multilateral do uso da internet. Em um inflamado discurso diante de líderes mundiais, Dilma, que adiou uma visita de Estado a Washington prevista para 23 de outubro por esta questão, pediu para a ONU "desempenhar um papel de liderança no esforço de regular o comportamento dos Estados frente a essas tecnologias". "Imiscuir-se dessa forma na vida de outros países fere o Direito Internacional e afronta os princípios que devem reger as relações entre eles, sobretudo, entre nações amigas", disse Dilma, com um semblante sério, ao se referir às recentes revelações de espionagem dos Estados Unidos vazadas pelo ex-consultor da inteligência Edward Snowden. Dilma advertiu que "este é o momento de criarmos as condições para evitar que o espaço cibernético seja instrumentalizado como arma de guerra por meio da espionagem, da sabotagem, dos ataques contra sistemas e infraestrutura de outros países", e que ele não pode se converter em um "novo campo de batalha entre os Estados". Por isso, anunciou que o Brasil buscará estabelecer "um marco civil multilateral para a governança e o uso da internet e de medidas que garantam uma efetiva proteção dos dados que por ela trafegam". Documentos vazados por Snowden e publicados na imprensa indicam que a Agência Nacional de Segurança americana (NSA) espionou comunicações de Dilma e da Petrobras. A presidente lembrou que as recentes revelações geraram "indignação e repúdio em amplos setores da opinião pública mundial". "No Brasil, a situação foi ainda mais grave, pois aparecemos como alvo dessa intrusão. (...) Representações diplomáticas brasileiras, entre elas a Missão Permanente junto às Nações Unidas e a própria Presidência da República tiveram suas comunicações interceptadas", declarou. Depois de afirmar que "jamais a soberania (de um país) pode firmar-se em detrimento de outra", a presidente sustentou que este caso exige uma resposta da comunidade internacional. Como manda a tradição, Dilma foi a primeira presidente a discursar após as palavras do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e do presidente da Assembleia Geral, John Ashe (Antigua e Barbuda). A questão da espionagem atingiu diversos governos latino-americanos, e certamente se converterá em um ponto de consenso nos discursos dos líderes regionais em Nova York.

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