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Cubanos do Mais Médicos vivem de cesta básica

Eles têm trabalhado sem receber o dinheiro da ajuda de custo prometido pelas prefeituras

Agência Estado
correiopontocom@rac.com.br
09/02/2014 às 08:25.
Atualizado em 27/04/2022 às 18:56

Cubanos do programa federal Mais Médicos, responsáveis pelo atendimento em unidades básicas de saúde nas periferias de grandes cidades e no interior do País, têm trabalhado sem receber o dinheiro da ajuda de custo prometido pelas prefeituras. Para driblar o atraso, eles improvisam repúblicas, vivem de cestas básicas, recebem "vale-coxinha" e pagam, do próprio bolso, a passagem de ônibus para fazer visitas do Programa Saúde da Família (PSF). Embora o Ministério da Saúde pague as bolsas, cabe às prefeituras arcar com os custos de moradia, alimentação e transporte. A cláusula é uma exigência do governo federal para a participação no programa. "Em Cuba, disseram que teríamos facilidades que não estamos encontrando aqui. Prometeram, por exemplo, que haveria um carro nas unidades para levar para as visitas domiciliares, mas isso não existe. Temos de pegar ônibus e pagamos a passagem", diz uma médica cubana que atende em uma UBS da capital paulista. Os médicos têm despesa extra de pelo menos R$ 24 com as tarifas. "Parece pouco, mas faz diferença porque recebemos só US$ 400, e o custo de vida aqui é alto", afirma. A bolsa em torno de R$ 900 ante a de R$ 10 mil paga a profissionais de outras nacionalidades, foi um dos motivos apresentados por Ramona Matos Rodríguez, de 51 anos, para abandonar o programa, no Pará, na semana passada. Os médicos reclamam também do vale-refeição. "São R$ 180 por mês dá R$ 8 por dia de trabalho. Onde você almoça em São Paulo com esse dinheiro?", pergunta um médico trazido por meio do convênio entre a Organização Pan-americana de Saúde (Opas), o governo federal e o governo cubano, que fica com a maior parte da bolsa. Nenhum cubano ouvido na capital quis ter seu nome divulgado com medo de represálias. Eles receberam um comunicado oficial da Secretaria Municipal da Saúde que os proíbe de conceder entrevista sem autorização. Veja também Teste reprova 59% dos estudantes de medicina Maioria dos futuros médicos não soube nem identificar quais são os sintomas da tuberculose AMB quer asilo no País para cubanos do Mais Médicos Governo vai trazer mais 2 mil médicos cubanos Para atingir a meta de 13 mil médicos atuando até março, o governo abriu nesta a quarta fase de inscrições do Mais Médicos Nova etapa do Mais Médicos começa em fevereiro Atualmente o programa conta com 6.658 profissionais, atendendo a 23 milhões de brasileiros  

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