Enfrentamento foi entre forças de segurança e partidários do presidente islâmico Mohamed Mursi
Treze pessoas morreram nesta sexta-feira (3) no Egito em confrontos entre as forças de segurança e partidários do presidente islâmico Mohamed Mursi, destituído pelo Exército, indicaram à AFP autoridades da segurança. A polícia dispersou com bombas de gás lacrimogêneo e tiros de borracha os manifestantes que desafiaram em várias partes do Egito a proibição de protestar e a violenta repressão que se seguiu à destituição de Mursi, em 3 de julho. Desde então, mais de mil pessoas foram mortas, em sua maioria islâmicos. Nesta sexta-feira, cinco mortes ocorreram no Cairo, uma em Alexandria (norte), uma na cidade de Ismaïliya, no Canal de Suez, e outra em Fayyum, ao sul da capital, segundo o ministério da Saúde, que comunicou mais cinco óbitos, em todo o país, sem dar detalhes. O ministério informou ainda 57 feridos, e 122 pessoas foram detidas, em diversos pontos do Egito. Esses novos episódios de violência ocorrem a poucos dias da retomada, na quarta-feira, do julgamento de Mursi, primeiro presidente egípcio democraticamente eleito no país, por "incitação à morte" de manifestantes durante a sua presidência. Mursi também responde a outras duas acusações, por "espionagem" em favor de organizações estrangeiras em vista de "atos terroristas" e por fuga da prisão no início de 2011. Nesta sexta, a coalizão pró-Mursi, liderada pela Irmandade Muçulmana, à qual pertence o presidente destituído e recentemente declarada "organização terrorista", convocou novas manifestações apesar da violenta repressão das novas autoridades. Ao declarar os membros da confraria "terroristas', o governo prendeu centenas de milhares com base numa severa lei anti-terrorista que prevê pena de morte para os líderes e cinco anos de prisão para aqueles que participarem de manifestações. Essas ameaças parecem não ter assustado os manifestantes. Em frente à mesquita de Nasr City, no leste da capital egípcia, um deles, Mohamed Dahi, distribuía panfletos pelo boicote ao referendo constitucional previsto para os dias 14 e 15 de janeiro. "Nós não temos medo. Amamos o Egito e o que temos feito é pelo Egito", afirmou à AFP. "Sou contra a injustiça, jamais aceitarei um regime militar no Egito", acrescentou o homem de 39 anos. Pouco depois, a polícia atirou gás lacrimogêneo contra os manifestantes que queimavam pneus para bloquear uma importante avenida. Confrontos também foram registrados em Gizé, no oeste do Cairo, onde manifestantes incendiaram um veículo da polícia, segundo fontes da segurança. Em Maadi, no sul da capital, a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes, que responderam com fogos de artifício, constatou um jornalista da AFP. As principais praças do Cairo foram bloqueadas pelas forças de segurança, em especial a emblemática praça Tahrir e as praças Rabaa al-Adawiya e Nahda.