ACUSAÇÃO

Conferência sobre a Síria começam com dificuldades

Após o início das negociações, delegação síria ameaçou deixar Genebra alegando falta de seriedade

France Press
24/01/2014 às 10:40.
Atualizado em 27/04/2022 às 18:42

As negociações de paz sobre a Síria começaram com o pé esquerdo em Genebra nesta sexta-feira, após o fracasso da ONU em reunir na mesma mesa as delegações sírias no primeiro dia de negociações. Logo após o início das negociações, a delegação oficial síria ameaçou deixar Genebra, acusando a delegação da oposição de não "ser séria", segundo a televisão estatal síria. O ministro sírio das Relações Exteriores, Walid Muallem, informou ao emissário da ONU para o conflito sírio, Lakhdar Brahimi, que "a delegação oficial deixará Genebra se as seções de trabalho não forem mantidas amanhã. A outra parte não é séria e está pouco preparada" para as negociações de paz, explicou a televisão. Lakhdar Brahimi esperava reunir os enviados do presidente Bashar al-Assad e os membros da oposição no exílio às 10h00 GMT (8h00 no horário de Brasília) para uma reunião na mesma sala onde apenas o diplomata da ONU falaria. Mas, finalmente, optou-se por separar as delegações, e é desta forma fragmentada que a conferência de paz Genebra II começa. Lakhdar Brahimi se reuniu a partir das 10h00 (08h00 de Brasília) com a delegação de Damasco, liderada pelo ministro sírio Walid Muallem, segundo uma porta-voz da ONU em Genebra, Alessandra Vellucci. O enviado se encontrará com o grupo da oposição, sob a liderança do chefe da Coalizão síria Ahmad Jarba, durante a tarde, às 15h00 (13h00 de Brasília), declarou a porta-voz. "É preciso ser paciente e ver como o processo evolui", afirmou Vellucci à imprensa. "Agora são necessárias negociações intensas para determinar qual procedimento será seguido", acrescentou. Segundo fontes das duas delegações, a oposição se negou a se sentar à mesma mesa que o regime, alegando que o governo sírio deveria aceitar o princípio de um governo de transição sem Assad antes de iniciar negociações diretas. "O problema dessas pessoas é que elas não desejam a paz, elas vieram aqui com pré-condições", acusou o vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Fayçal Moqdad. As duas delegações chegaram na quinta-feira a Genebra após uma tensa conferência em Montreux, que contou com a participação de 40 países e organizações. As duas partes em conflito deveriam negociar para acabar com o conflito sangrento que já deixou mais de 130.000 mortos na Síria e que forçou milhões de civis a abandonar suas casas. Diplomatas e observadores não acreditam que essas negociações alcancem soluções concretas, mas lembram que o simples fato de ambos os lados estarem em Genebra já é um evento. O primeiro ciclo de negociações deve "durar até o final da próxima semana", em 31 de janeiro. "Sabemos que isso levará tempo, e que deverá durar pelo menos um dia a mais. Sabemos que não será um processo fácil", indicou um funcionário do Departamento de Estado americano. O futuro de Bashar al-Assad continua sendo o principal ponto de divergência, já que a oposição exige seu afastamento do poder e a formação de um governo de transição, o que o regime rejeita categoricamente. Na falta de consenso neste tema central, Brahimi pode optar em se concentrar na busca de medidas de ajuda a uma população que desde março de 2011 sofre com as consequências da guerra. Brahimi evocou na noite de quarta-feira sinais de que as delegações pareciam estar dispostas a autorizar a entrega de ajuda humanitária, assim como cessar-fogo pontuais - principalmente em Aleppo - e troca de prisioneiros. Veja também Delegações sírias não estarão na mesma sala Delegações de Bashar al-Assad e oposição não ficarão na mesma sala, ao contrário do que ONU queria Breve pausa após 'diálogo de surdos' entre sírios Conferência de Genebra II transcorreu em ambiente de tensão e divergências entre regime e oposição TV estatal exibe discurso com imagens de 'crimes' Emissora da Síria mostrou o chefe da oposição Ahmad Jarba na abertura da conferência de paz Entenda a disputa entre potências na guerra civil síria Entrega de armas e lutas diplomáticas: nenhum país concentrou ao mesmo tempo tal nível de violência

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