Uma caminhonete do exército carbonizada e com um cadáver permanecia nesta quinta em Gobongo
Tropas francesas patrulhavam Bangui, a capital da República Centro-africana, nesta quinta-feira, após a morte de cinco soldados do contingente da manutenção de paz. "Soube que cinco soldados do Chade morreram", declarou Eolio Yao, porta-voz da Força Africana na República Centro-Africana (MISCA). Na quarta-feira "havia uma confusão total na cidade que durou até o anoitecer, hoje tentamos compreender o que ocorreu", declarou o porta-voz. Uma caminhonete carbonizada do exército, com um cadáver na cabine, permanecia na manhã desta quinta-feira no bairro de Gobongo, próximo ao aeroporto, relatou um fotógrafo da AFP. Na quarta-feira, tiros de origem indeterminada espalharam o pânico pelos bairros do norte da capital e na área do aeroporto. Segundo habitantes de Bangui contatados por telefone pela AFP, milicianos "anti-balaka" (milícias de autodefesa cristãs) atacaram soldados do Chade no bairro de Gobongo. Uma menina teria morrido no tiroteio. Os enfrentamentos provocaram a fuga de milhares de moradores aterrorizados, muitos dos quais se somaram aos milhares de desalojados que vivem de forma precária nas imediações do terminal aéreo. Carros blindados e caminhões de transporte das tropas do exército francês se posicionaram em Bangui e ao longo da estrada que leva ao aeroporto. Soldados franceses realizavam controles e revistas. O contingente chadiano, de 850 efetivos, tem um papel protetor da minoria muçulmana e, de fato, do poder do presidente (e ex-chefe rebelde) Michel Djotodia. Contudo, os centro-africanos acusam os chadianos de apoiar os ex-rebeldes Seleka que, em março, derrubaram o presidente François Bozizé e submeteram a população a todo tipo de abusos. Os soldados chadianos se envolveram em vários incidentes recentes, incluindo um tiroteio com o contingente burundês da MISCA. Na quarta-feira, a MISCA anunciou a próxima saída das tropas chadianas de Bangui e sua mobilização no norte da República Centro-africana, limítrofe com o Chade. O arcebispo de Bangui e o presidente da comunidade muçulmana da República centro-africana pediram nesta quinta-feira à ONU a mobilizar capacetes azuis. "A ONU deve concordar urgentemente o envio" de uma força de manutenção da paz, disseram o monsenhor Dieudonné Nzapalainga e o imã Omar Kobine Layama em uma coluna publicada no jornal francês Le Monde.