As jovens do grupo haviam cantado uma "oração punk" contra Putin na catedral de Moscou
A integrante do grupo musical Pussy Riot Maria Alyokhina foi libertada nesta segunda-feira depois de ser anistiada, indicou à AFP uma porta-voz da administração penitenciária e seus advogados. "Foi libertada hoje por volta das 09h00 da manhã", declarou Elena Nikoshova, porta-voz do serviço de aplicação de pena (FSIN) da região de Nijni-Novgorod (Volga). "Não sei quais são seus planos", acrescentou a porta-voz. A libertação foi confirmada por sua advogada, Irina Khrunova, que assumiu a defesa de Alyokhina junto a Pyotr Zaikin. Alyokhina foi levada do campo de detenção à estação de trens, "sem dúvida para evitar a agitação midiática", declarou Khrunova. "Maria Alyokhina recuperou a liberdade", afirmou, por sua vez, Pyotr Zaikin, em declarações à agência de notícias RIA Novosti. "Todos os documentos foram preenchidos e assinados", acrescentou. Após sua libertação, a jovem russa declarou que a lei de anistia que permitiu sua libertação foi uma "operação de comunicação" do presidente russo Vladimir Putin. "Não creio que esta anistia seja um gesto de humanismo, mas uma operação de comunicação", declarou Alyokhina ao canal de televisão Dojd. "Se tivesse tido a possibilidade, o teria rejeitado", acrescentou, denunciando uma lei que permite a libertação de muito poucos presos, nem mesmo 10%. "O mais difícil na prisão é ver como destroem a gente', comentou, ao se referir as suas condições de detenção. Maria Alyokhina, de 25 anos, e Nadezhda Tolokonnikova, de 24, condenadas a dois anos de prisão em 2012 por vandalismo e incitação ao ódio religioso, foram anistiadas na semana passada. As jovens do grupo haviam cantado uma "oração punk" contra Putin na catedral de Moscou em fevereiro deste ano. Na última quarta-feira, 446 de um total de 450 deputados da Duma (câmara baixa russa) aprovaram a lei de anistia da qual as duas jovens se beneficiaram. Há algumas semanas, a Suprema Corte ordenou que as condenações das duas integrantes do grupo fossem reexaminadas, ao considerar que os motivos do crime não haviam sido provados. A Suprema Corte enviou, então, o caso ao tribunal municipal de Moscou. Segundo a Corte, o tribunal de primeira instância não forneceu provas de que as duas jovens haviam agido por "ódio contra um grupo social". Espera-se que a libertação de Alyokhina seja seguida pela de Nadezhda Tolokonnikova, atualmente detida na Sibéria. A terceira integrante do grupo, Yekaterina Samutsevich, foi libertada em 2012, poucos meses depois de ser condenada. A justiça considerou que Samutsevich havia sido interceptada pelos guardas da catedral e, por isso, não participou da ação.