LÍBANO

Brasileira está entre as vítimas de atentado em Beirute

Este é o quarto ataque contra reduto do movimento armado libanês Hezbollah desde julho

Das Agências
03/01/2014 às 09:33.
Atualizado em 27/04/2022 às 18:18

A explosão de um carro-bomba nos subúrbios da zona sul de Beirute matou quatro pessoas na quarta-feira (1º), no quarto ataque contra este reduto do movimento armado libanês Hezbollah desde julho. Entre as vítimas está a brasileira Malak Zahwe, de 17 anos. O atentado foi criticado pelo Ocidente e pela ONU. O presidente libanês, Michel Sleimane, afirmou que "a mão do terrorismo é a mesma que semeia a morte em todas as regiões libanesas". O ataque acontece menos de uma semana após o atentado com carro-bomba que matou, em 27 de dezembro, Mohammad Chatah, conselheiro do ex-primeiro-ministro Saad Hariri. Chatah era hostil ao Hezbollah e ao regime sírio de Bashar al-Assad, apoiado militarmente pelo movimento xiita. A brasileira Malak Zahwe, de 17 anos, nasceu em Foz do Iguaçu (PR), regtião de forte comunidade libanesa Ela morava há três no Líbano, onde estudava. Ela deve ser enterrada nesta sexta-feira em Majdal Silim, vilarejo a três horas da capital.Desde o envolvimento do Hezbollah na guerra da vizinha Síria, o Líbano vem sendo atingido por uma onda de atentados, e os detratores do grupo o acusam de ter colocado o país nesta situação de violência. Os ataques exacerbaram as diferenças - já profundas no Líbano - entre simpatizantes e opositores de Assad, assim como as tensões entre os xiitas do Hezbollah e os sunitas, representados pelo ex-premier Saad Hariri. Segundo a Agência Nacional de Informação Libanesa (ANI), "um veículo 4x4 explodiu na rua muito movimentada de Al-Aarid, no bairro de Haret Hreik", na periferia sul de Beirute. Possível atentado suicida O ministro da Saúde, Ali Hassan Khalil, fez um "balanço definitivo" de quatro mortos e 77 feridos. "Há cadáveres que ainda não foram identificados", disse. Segundo o ministro do Interior, Marwan Charbel, a investigação "aponta para a hipótese de um atentado suicida em função da presença de restos mortais no carro". O Exército libanês anunciou que os investigadores tentam determinar como o veículo, que carregava 20 kg de explosivos, foi detonado. Na rua atingida pelo ataque, as fachadas dos prédios ficaram destruídas e ao menos cinco carros, queimados. Uma multidão em pânico tentava escapar do local do atentado, em uma região densamente povoada, enquanto os serviços de emergência abriam caminho. O subúrbio da zona sul de Beirute - chamado de "mini-Estado" do Hezbollah pelos opositores do grupo xiita - virou uma fortaleza de segurança depois que o primeiro atentado atingiu a região, em julho de 2013. As medidas draconianas de segurança, contudo, não impediram que outros ataques ocorressem no local. Antes da guerra de 2006, entre Hezbollah e Israel, o setor de Haret Hreik era "o perímetro de segurança" do movimento xiita, o que significa que a região abrigava as principais instituições do partido. Críticas internacionais A embaixada dos Estados Unidos em Beirute condenou o atentado "terrorista", chamando o ato de "desumano". O Hezbollah está na lista de "organizações terroristas" de Washington. "Nós condenamos o atentado terrorista de hoje em Dahiyé, em Beirute. Nossas condolências às vítimas e às suas famílias", escreveu a embaixada em seu Twitter. O embaixador da Grã-Bretanha, Tom Fletcher, também expressou sua "condenação ao ataque desumano em Beirute", acrescentando que "os civis libaneses voltam a ser vítimas" da série de atentados no país. Paris alertou para que os libaneses "evitem uma escalada da violência", e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu cautela. Em 19 de novembro, um duplo atentado suicida reivindicado por um grupo ligado à Al-Qaeda atingiu a embaixada em Beirute do Irã, um aliado de Damasco, deixando 25 mortos. Em 23 de agosto, dois ataques com carro-bomba contra mesquitas sunitas em Trípoli mataram 45 pessoas. Em 15 de agosto, 27 pessoas foram mortas na explosão de um carro nos subúrbios ao sul de Beirute, e em 9 de julho, um carro-bomba causou cinquenta feridos na mesma região. Na semana passada, Hariri acusou o Hezbollah do ataque contra Chatah que custou a vida de outras sete pessoas. Mas o Hezbollah negou qualquer envolvimento. O assassinato de Chatah exacerbou as divisões já profundas no Líbano entre partidários e opositores do regime sírio, mas também as tensões entre xiitas representados pelo Hezbollah e sunitas representados por Saad Hariri. A escalada acontece no momento em que o Líbano não tem governo, em razão das profundas rivalidades em relação ao conflito na Síria. rd-rm/mm/lr © 1994-2013 Agence France-Press

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