O atentado desta segunda-feira aconteceu na cidade de Darkush, perto da fronteira com a Turquia
Pelo menos 27 pessoas morreram nesta segunda-feira (14) em um atentado com carro-bomba em um reduto rebelde da província síria de Idleb, região do noroeste do país em guerra, onde seis funcionários da Cruz Vermelha e um do Crescente Vermelho foram sequestrados no domingo. Também nesta segunda-feira, a Cruz Vermelha anunciou a libertação de três de seus seis funcionários, além de um sírio integrante do Crescente Vermelho, que foram sequestrados na véspera. No ambiente diplomático, a Rússia pediu ao governo dos Estados Unidos que trabalhe para convencer a dividida oposição síria a participar da conferência de paz chamada Genebra-2. Ao mesmo tempo, o secretário de Estado americano, John Kerry, considerou urgente fixar uma data para a conferência, após uma reunião com o emissário internacional Lakhdar Brahimi. O atentado desta segunda-feira aconteceu na cidade de Darkush, perto da fronteira com a Turquia, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos. Entre as vítimas estão três crianças e uma mulher, segundo a ONG. O atentado aconteceu em um mercado da cidade. Um vídeo divulgado por fontes da oposição mostra edifícios destruídos e carros em chamas. Na noite de domingo, dois carros-bomba explodiram no centro de Damasco, mas não provocaram vítimas. Também na província de Idleb, em sua maioria controlada pelos rebeldes, seis funcionários do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), a maioria de nacionalidade síria, e um integrante do Crescente Vermelho foram sequestrados no domingo. No entanto, nesta segunda-feira a Cruz Vermelha anunciou a libertação de três dos seus seis funcionários e do sírio que integra o Crescente Vermelho. "Três colegas do CICV e um voluntário sírio do Crescente Vermelho foram libertados e estão sãos e salvos. Estamos esperando informações sobre os outros três colegas (sequestrados)", declarou o porta-voz da organização, Ewan Watson. Watson não informou quem poderia ser o responsável pelo sequestro e também não divulgou a nacionalidade dos reféns, indicando apenas que eles eram sírios em sua maioria. Antes do anúncio da libertação, a Cruz Vermelha havia reiterado seu desejo de prosseguir com a missão na Síria, apesar do sequestro. "Garantir a segurança dos funcionários" "Estamos plenamente comprometidos em apoiar o povo sírio neste momento extremamente difícil. Não temos a menor intenção de paralisar nossas atividades na Síria, mas não vamos poder trabalhar e ajudar a população síria sem garantias de segurança para nossos funcionários", declarou Watson em Genebra. A Cruz Vermelha conta com 30 expatriados e 120 funcionários sírios no país e é uma das poucas organizações que trabalha tanto nas zonas controladas pelos rebeldes como nas áreas do regime. Desde março de 2011, quando teve início o protesto pacífico que virou um conflito em resposta à repressão, 22 colaboradores do Crescente Vermelho morreram no país. A equipe do CICV sequestrada viajou à província de Idleb em 10 outubro para verificar as instalações médicas e conceder ajuda. Os funcionários foram detidos por homens armados no caminho de volta. Os sequestros são relativamente frequentes na Síria. Segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), pelo menos 32 jornalistas estrangeiros ou sírios foram sequestrados ou permanecem desaparecidos. Ao mesmo tempo, Estados Unidos e Rússia prosseguem com os esforços para convocar em meados de novembro uma conferência de paz, conhecida como Genebra II, que consiga levar à mesa de negociações o regime e a oposição. "O emissário especial (para a Síria) Brahimi está de acordo, como muitos outros, que não há solução militar na Síria", disse Kerry à imprensa. "Acreditamos que é urgente fixar uma data para convocar a conferência para trabalhar por uma nova Síria", acrescentou o secretário de Estado americano. A Rússia pediu ao governo dos Estados Unidos que faça o possível para convencer a oposição síria a participar nas negociações de paz. "Esperamos que nossos sócios americanos, e de outros países, que têm influência em diferentes grupos da oposição, tenham consciência de sua responsabilidade para contribuir à conferência Genebra 2", disse o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov. O presidente do Conselho Nacional Sírio (CNS), o principal grupo opositor sírio, anunciou no domingo que o partido não participará na conferência de paz Genebra 2 e ameaçou abandonar a coalizão contrária ao regime se esta comparecer ao evento. Mais de 115.000 pessoas morreram desde março de 2011, segundo o OSDH, e milhões de sírios foram obrigados a abandonar suas casas, segundo a ONU. Veja também Três funcionários da Cruz Vermelha libertados Maioria dos sequestrados na operação são de nacionalidade síria e foram raptados por homens armados Kerry quer fixar data para nova reunião de paz Os EUA esperam convocar para meados de novembro uma conferência de paz sobre a Síria Cruz Vermelha quer garantia de segurança para funcionários Seis trabalhadores da entidade e um do Crescente Vermelho foram sequestrados no país Inspetores de desarmamento reiniciam os trabalhos A missão, sem precedentes em um país em guerra, é realizada com a maior discrição possível Síria lança ataque aéreo contra ofensiva rebelde A ofensiva do regime aconteceu depois que na segunda-feira os rebeldes sírios lançaram um ataque Inspetores que irão destruir armas chegam à Síria Os especialistas, procedentes do Líbano, cruzaram o posto de fronteira de Masnaa a bordo de jipes Conselho de Segurança adota resolução sobre arsenal químico sírio Essa é a primeira resolução adotada pelo máximo órgão da ONU sobre a Síria Obama aplaude acordo sobre Síria no Conselho de Segurança Presidente declarou na Casa Branca que acordo foi 'grande vitória da comunidade internacional' Síria entregou uma primeira lista de armas químicas Regime é acusado de ter utilizado o gás sarin em um ataque que matou centenas próximo a Damasco