No domingo (8)

Ataques em Brasília são condenados

Manifestantes depredaram prédios dos três poderes em Brasília, no domingo

Da Redação com Abr
10/01/2023 às 06:25.
Atualizado em 10/01/2023 às 06:25
Milhares de pessoas ocuparam o Congresso Nacional na tarde do último domingo (Marcelo Camargo/ABr)

Milhares de pessoas ocuparam o Congresso Nacional na tarde do último domingo (Marcelo Camargo/ABr)

Nações, entidades e personalidades do Brasil e de várias partes do mundo repudiaram a invasão e depredação das sedes dos três poderes na capital federal, no domingo. Os ataques atingiram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF). A invasão causou muita destruição e prejuízos milionários.

O grupo envolvido em atos de vandalismo ultrapassaram barreiras policiais, arrancaram alambrados e não se intimidaram com as bombas de gás que foi usada pelo patrulhamento que estava na área. Mais de 200 pessoas foram presas e o governo tomou medidas rápidas, como o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de intervenção federal no governo do Distrito Federal (GDF). Já o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes decretou a obrigatoriedade de dissolver, em no máximo 24 horas, “acampamentos antidemocráticos no entorno de quartéis” em todo o Brasil.

Moraes também determinou, no domingo, o afastamento do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), do cargo. O ministro suspendeu Ibaneis da função pública pelo prazo de 90 dias.

O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres teve sua exoneração publicada ontem (9) no Diário Oficial do DF. A medida foi anunciada anteontem (8) pelo governador Ibaneis Rocha. Em texto publicado ainda na madrugada de hoje (9) em uma rede social, Torres disse ter vivido no domingo “o dia mais amargo de sua vida pessoal e profissional”. Ele disse ter sido “surpreendido” com os “ataque inimagináveis” contra prédios públicos na Praça dos Três Poderes, que chamou de “insanidade coletiva”.

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) recomendou ontem que a governadora em exercício do DF, Celina Leão, afaste o secretário de Segurança Pública em exercício, Fernando de Sousa Oliveira, e todo o comando da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), após a depredação da sede dos Três Poderes ocorrida no domingo.

As recomendações são assinadas pelo procurador-geral de Justiça do Distrito Federal, Georges Seigneur. Nelas, ele escreveu que o MPDFT apurou informações, documentos, fotos e vídeos apontando omissões dos integrantes da PMDF durante os atos de vandalismo.

São alvos da recomendação o comandante-geral da Polícia Militar do DF, Fábio Augusto Vieira; o comandante operacional da Polícia Militar do Distrito Federal, Jorge Eduardo Naime Barreto, e o comandante do Pelotão de Choque, Gustavo Cunha de Souza.

O órgão já havia anunciado a requisição de informações sobre a atuação da Polícia Militar antes e durante os ataques às instituições. Entre as informações requisitadas estão o quantitativo de policiais empregados na operação, quais as estratégias adotadas, qual o momento da constatação da adoção de atos extremistas e as medidas preventivas.

“Se houver qualquer indício de irregularidade na atuação de qualquer uma das forças policiais do Distrito Federal, civil ou militar, o MPDFT vai abrir investigação para apuração dos fatos e das responsabilidades”, escreveu o órgão, em nota. Anderson Torres.

O Ministério Público Federal (MPF) também abriu investigação para apurar a conduta e eventual omissão do alto comando da Polícia Militar do Distrito Federal antes e durante os atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes.

A Polícia do Exército e a Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) começaram, ontem, a desocupar a área em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília, ocupado desde o fim das eleições do ano passado por manifestantes que não aceitam o resultado das urnas.

Aproximadamente 1.200 pessoas foram presas no local e levadas em dezenas de ônibus até a Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília, onde estão sendo ouvidas. Os pertences pessoais dos manifestantes não retirados, como barracas, roupas e outros objetos, ficarão sob a guarda do Exército. 

Avaliação

No dia seguinte à depredação das sedes dos Três Poderes por grupo de manifestantes, o governo convocou restauradores de obras de arte de todo o país para recuperar itens danificados. À tarde, o Ministério da Cultura fez uma reunião para requisitar servidores do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) com conhecimento em restauração.

Segundo especialistas ligados ao Palácio do Planalto, a recuperação da maioria das obras é possível, mas existem casos em que a restauração será muito difícil.

Domingo à noite, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, determinou que o Iphan fizesse uma diligência para avaliar a destruição no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional, no Supremo Tribunal Federal e nos demais espaços tombados.

Ontem, o Palácio do Planalto divulgou a relação preliminar das obras danificadas. Segundo o Palácio, ainda não é possível avaliar todos os danos causados ao mobiliário e as pinturas, mas existem obras importantes danificadas no térreo, no segundo e no terceiro andar.

Principais obras danificadas 

No andar térreo: Pintura Bandeira do Brasil, de Jorge Eduardo, de 1995 
• Galeria dos ex-presidentes
No 2º andar: No corredor que dá acesso às salas dos ministérios, há muitos quadros rasurados ou quebrados, especialmente fotografias. 
No 3º andar: Obra As Mulatas, de Di Cavalcanti 
• Obra O Flautista, de Bruno Giorgi 
• Escultura de parede em madeira de Frans Krajcberg 
• Mesa-vitrine de Sérgio Rodrigues 
• Relógio de Balthazar Martinot. 
Segundo o diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, será possível recuperar a maioria das obras danificadas. mas ele estima como “muito difícil” a restauração do relógio do século 17. 

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