Talibã ataca restaurante frequentado pela comunidade de expatriados, 13 estrangeiros estão entre os mortos
Vinte e uma pessoas morreram, incluindo 13 estrangeiros, nesta sexta-feira à noite em um atentado praticado pelo grupo Talibã contra um restaurante em Cabul, frequentado pela comunidade de expatriados. Clientes desesperados tentaram se esconder debaixo das mesas depois de terem ouvido a explosão provocada por um suicida na entrada do restaurante "A Taverna do Líbano". Logo depois outros dois homens invadiram o estabelecimento atirando. Entre as vítimas estão dois britânicos, dois canadenses, dois americanos e um alto representante do Fundo Monetário Internacional (FMI). Também morreu o dono do restaurante, de nacionalidade libanesa, que teria sido atingido ao tentar abrir fogo contra os terroristas. Um integrante dinamarquês da missão policial europeia no Afeganistão também perdeu a vida no atentado, assim como quatro funcionários da missão da ONU no Afeganistão (Unama), um deles russo. "Estávamos na cozinha quando, de repente, ouvimos uma grande explosão", disse à AFP Atiqullah, ajudante de cozinha da taverna. "Saímos pela porta dos fundos para o segundo andar. Nosso patrão desceu para ver o que estava acontecendo. Ouvimos alguns disparos e, depois, soubemos que tinha sido morto", acrescentou. "Depois, a Polícia nos levou de volta ao restaurante para identificarmos à vítimas. Identificamos três guardas que foram assassinados", relatou o jovem de 27 anos. "Havia sangue por todos os lados, nas mesas, nas cadeiras. Acho que os agressores atiraram nas pessoas a queima-roupa", disse. Um restaurante popular entre afegãos e estrangeiros A "Taverna do Líbano" é um restaurante muito apreciado pelos diplomatas, por trabalhadores humanitários e por outros expatriados que vivem na capital afegã. Ele ficava cheio às sextas-feiras, dia de descanso semanal no Afeganistão. Assim como em muitos restaurantes da capital afegã, esse é protegido por um forte esquema de segurança. Os fregueses são revistados por dois guardas armados e devem passar por duas portas de aço antes de chegar à entrada. Na manhã deste sábado, o letreiro do restaurante seguia intacto, afixado sobre os restos do que era a porta de entrada. Era possível ver nas imediações vários carros atingidos pela explosão. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou, citado por um porta-voz, que "estes ataques contra civis são totalmente inaceitáveis e são uma violação flagrante do direito humanitário internacional". O atentado foi reivindicado pelo porta-voz dos talibãs, Zabiullah Mujahid, em um e-mail enviado à AFP. O porta-voz afirmou que o objetivo do ataque foi "vingar" a morte de civis afegãos nos confrontos ocorridos na quarta-feira na província de Parwan, ao norte de Cabul, entre os talibãs e as forças afegãs e da Otan. "As forças invasoras lançaram um ataque brutal contra civis (...) e martirizaram e feriram 30. Este foi um ataque para vingá-los e fizemos da maneira correta, e vamos continuar fazendo", acrescentou Mujahid. Após a explosão, comandos de elite bloquearam as ruas próximas ao restaurante e foram ouvidos disparos esporádicos. Os três agressores morreram no ataque. "Estava sentado com alguns amigos na cozinha, quando aconteceu a explosão", declarou à AFP Abdul Majid, um dos cozinheiros da taverna. "Entrou muita fumaça na cozinha e, no início, achei que fosse um acidente, mas, em seguida, um homem entrou gritando 'Allahu akbar!' (Deus é grande), e começou a atirar", acrescentou. "Um dos meus colegas foi atingido e caiu (depois morreria). Eu corri para a parte de cima do restaurante e pulei para a casa vizinha", contou. Com fraturas nas duas pernas, Majid foi hospitalizado.