NHÔ QUIM

Mascote completa 70 anos

Folclore e futebol jogam juntos no Estádio Barão de Serra Negra

José Ricardo Ferreira
23/06/2018 às 22:52.
Atualizado em 19/04/2022 às 02:29

Segunda-feira, 25 de junho de 2018 Neste mês, o folclórico mascote do XV de Piracicaba, o Nhô Quim, comemora 70 anos de existência. Sua imagem mais conhecida é aquela propagada por 48 anos, com a pena de Edson Rontani, artista plástico, desenhista e caricaturista falecido em fevereiro de 1997. O filho, Edson Rontani Júnior, jornalista, já escreveu um livro, lançado em 2012, no Salão de Humor de Piracicaba, sobre a história do Nhô Quim. "São 70 anos de criação do personagem, o mascote do XV. A importância é substancial. A imprensa antes de 1948 denominava o time com Alvinegro, XV, EC XV de Novembro. A partir de 1948 as manchetes dão espaço para os títulos usando o nome Nhô Quim. A referência se tornou histórica", contou o filho de Rontani. Rontani Júnior lembrou que o Nhô Quim é um personagem caipira que representa não só o torcedor do XV, mas o povo piracicabano. Segundo ele, em meados de 2013, houve um estudo pelo Ipplap (Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba) de tornar o Nhô Quim um bem imaterial da cidade, a exemplo que já fez com a Festa do Divino. "O estudo está feito. É um momento bom para se retomar esse estudo", disse ele. Para Rontani Júnior, a marca do Nhô Quim pode ser agregada a outras situações. "A gente vê os clubes grandes com seus marketings de seus mascotes em produtos. Por que não explorar comercialmente uma marca como o Nhô Quim aqui e fora da cidade?", disse ele. O jornalista se recordou que a família conta que o pai desenhava desde criança. "No primeiro desenho, ele era adolescente. Os originais não foram guardados. Naquela época era raro desenhar, não era bem visto. Mas houve preservação de muitas imagens. Hoje em dia, XV e Nhô Quim andam juntos", disse Rontani Júnior. Sua esperança é que o XV de Piracicaba em breve volta a jogar nas divisões principais do futebol brasileiro para o mascote ganhar relevância a exemplos de décadas quando o Alvinegro disputava a elite nacional. No site do XV: www.xvpiracicaba.com.br tem a história do famoso mascote. O tão querido caipira andou por outras bandas ao longo de décadas. Circulou pela "Gazeta Esportiva" e pelo semanário "O Governador", ambos publicados na Capital Paulista. A história de criar mascotes surge em álbuns de figurinha já em evidência nos anos 1930. Nino Borges inova criando desenhos de jogadores no lugar de fotografias. Isso ocorre no álbum "Balas Futebol", um ícone do colecionismo publicado de 1938 a 1960. Foi nesta edição que as mascotes dos principais times ilustraram as páginas. Borges foi escolhido pelo fabricante das balas para desenhar os jogadores. Entram em cena as caricaturas que depois personificaram as mascotes como a baleia ou o peixe do Santos, o mosqueteiro do Corinthians ou o papagaio do Palmeiras. Cícero Correa dos Santos, fotógrafo, Miécio Caffé, Nino Borges, Almir Bortolassi, Manolo, Messias Mello. Todos eles têm em comum a personificação artística do Nhô Quim, mascote do centenário XV. O personagem acompanha o time desde a vitória da Lei do Acesso em 1948. "Várias foram as faces de nosso Nhô Quim. Muitas desconhecidas da grande maioria, até porque são raros os estudos históricos sobre isso. E também porque os principais veículos de comunicação que divulgaram estas caricaturas perderam-se com o tempo ou estão disponíveis em locais de acesso restrito como Museus, Bibliotecas ou Centros de Estudo. O certo é que o Nhô Quim ainda representa a alma simples do piracicabano", explica Rontani Júnior. Uma das versões mais certas para a origem do nome Nhô Quim" é que o usado antes era Nhô XV, mas se fez uma adaptação para Nhô Quim, na redação. Fantasia Quem veste, atualmente, a fantasia do Nhô Quim é o designer gráfico do XV, Felipe Fraga. Ele entra em campo com a quente e pesada fantasia desde 2016. Remunerado para isso, ele conta que é divertido vestir a fantasia do mascote do time de coração. "A criançada gosta, o torcedor gosta. A fantasia deve pesar mais de 2,5 quilos. Poderia ser um pouco mais leve. Só uso antes de o time entrar em jogo e um pouco no intervalo", contou. Tradição "O Nhô Quim é uma figura conhecida. Retrata a tradição, o caipira. Uma figura muito tradicional. O pessoal gosta, quer tirar fotos", disse Felipe. Cenas inusitadas também fazem parte da vida do mascote, como tropeços e até uma queda em campo um dia. "Mas tudo é divertido. As crianças pedem embaixadinhas. É um personagem muito querido. Enquanto precisar, continuo vestindo a fantasia", disse Felipe. E em agosto, no dia 4, com certeza ele estará entrando em campo fantasiado com as crianças na estreia do XV na Copa Paulista, contra o Red Bull.

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