O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reiterou nesta segunda-feira, 28, que os diretores da autarquia estão no processo de mensurar o quão contracionista o juro precisa ser e que, para isto, é preciso reunir mais dados a ponto de ter confiança de que a inflação está convergindo para a meta e que a política monetária está produzindo os efeitos desejados.
"É importante reunirmos dados em quantidade e diversidades suficientes para que a gente possa reunir esse nível de confiança", disse ele, durante o J. Safra Macro Day 2025, em São Paulo.
Na declaração, Galípolo exemplificou que quando ele chegou ao Comitê de Política Monetária (Copom), alguns dados indicavam inflação mais bem comportada, mas que depois se reverteram. "Precisamos de um tempo para política monetária fazer efeito, após elevação de juro", afirmou.
Por ora, o diretor do BC avalia que a inflação está rodando acima da meta e que a economia tem sinais incipientes de arrefecimento.
Galípolo considera ainda que os resultados positivos do agro no Produto Interno Bruto (PIB) não consomem o hiato, e tendem a ajudar. Contudo, pondera que a mensuração do PIB ex-agro ainda não está trivial, em função da sazonalidade.
Tarifas
O presidente do Banco Central disse também que no primeiro trimestre de 2025 houve um ganho de peso no cenário de que as tarifas do presidente Donald Trump poderiam oferecer um cenário de desaceleração, de alguma maneira, e oferecer risco de desinflação. Ele destacou que tal cenário já havia sido mencionado no balanço de riscos da comunicação do Comitê de Política Monetária (Copom).
Já em abril, após a escalada das tarifas, Galípolo considera que foi cruzada a linha para um momento de aversão a risco, mas sob um risk-off particular: "Diferentemente do que estamos acostumados, há dúvidas sobre onde está o safe-heaven, o ativo seguro", avaliou.
O presidente do BC mencionou ainda que a escalada das tarifas passou a ter a ideia de que talvez não seja factível ter tarifas naquele patamar, mencionando que houve muita dúvidas sobre o quanto essa política pode afetar os países.
Galípolo disse também que a pressão sobre o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) cresceu, por conta de dúvidas sobre o eventual apoio que a autarquia daria ao mercado. Segundo o presidente do BC brasileiro, é importante falar do cenário internacional neste momento, porque as transformações que estão sendo feitas são profundas.