Internacional

Criticado por Nikolas e Ramagem, show da Madonna teve presença de Seif, Wajngarten e Castro

Estadão Conteúdo
06/05/2024 às 20:49.
Atualizado em 06/05/2024 às 20:57

O show da Madonna no Rio de Janeiro no sábado, 4, ocupou as redes sociais de aliados e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por motivos diferentes. Enquanto deputados bolsonaristas e figuras influentes da direita questionaram a realização da apresentação, como os parlamentares Nikolas Ferreira (PL-MG), Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e o pastor Silas Malafaia, outros foram criticados por terem aproveitado o dia de festa na capital fluminense em uma área VIP perto do palco onde a cantora americana fez sua performance.

O senador Jorge Seif (PL-SC) foi um dos alvos de militantes bolsonaristas nas redes sociais. O parlamentar foi criticado por aliados do ex-presidente pela presença ao lado do governador do Rio, Cláudio Castro (PL) - um dos financiadores do evento. Também estiveram no local Fábio Wajngarten, advogado e ex-assessor do presidente, o presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, e o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG).

Em um áudio divulgado pelo portal Metrópoles, o senador diz a um amigo ter ido à apresentação a pedido da esposa, Catiane Seif. "O show, minha esposa me pediu. A artista que ela acompanha desde a juventude, gosta, a mulher está se aposentando, 40 anos de carreira. Está encerrando a carreira dela. Minha esposa, que está passando por essa fase terrível comigo, terrível, me falou: 'Meu marido, eu gostaria de ver o encerramento da carreira artística da Madonna. Você pode me levar no Rio de Janeiro? Estou te fazendo um pedido. Você pode me levar?' Quem que diria não à esposa, cara? Eu não diria não", disse o senador.

Procurado pelo Estadão, Seif não quis se pronunciar sobre as críticas. O parlamentar encaminhou uma entrevista dele à TV Senado em que cita medidas de mitigação e ajuda aos afetados pela cheia no Rio Grande do Sul. Ele foi criticado por assistir à apresentação em meio a crise causada pelas chuvas no Sul do País.

Em outro trecho do áudio, Seif rebate as críticas e cita medidas que tomou para a liberação de recursos ao Estado. "Assinei a proposição do Senado que vai se levantar a urgência esta semana para liberação de recursos de emendas para os parlamentares e para o governo do Rio Grande do Sul para ajudar as pessoas quer estão necessitadas neste momento. Estou ajudando lá na compra de 15 botes infláveis para a Defesa Civil e Corpo de Bombeiros. Então, eu não sei se alguém fez mais do que eu, mas eu tenho me mexido estando em Brasília, em Santa Catarina ou no Rio de Janeiro."

"Eu sei. Pode me chamar de burro, inocente, tolo. Pode chamar, você tem todo o direito, porque eu realmente não vi maldade. Imaginei que fosse num show de música ouvir música. O que a gente fez? Fiquei 40 minutos com ela diante do palco e quando começou o show de horrores a gente saiu fora. Tem um restaurante ali do lado de onde a gente ficou. Ficamos ali, comemos, bebemos e depois fomos embora. Agora, fui tolo. Não imaginava", afirmou em outro trecho.

Em um publicação no X (antigo Twitter), o deputado Nikolas Ferreira chamou Madonna de "satanista" e criticou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, agradecer a uma homenagem feita a ela na apresentação da cantora pop. "No dia em que bebês estavam boiando mortos no RS, você tira seu tempo pra agradecer Madonna colocando uma foto sua em telão? Uma cristã agradecendo uma satanista? Você é a definição de mentira", escreveu.

Aliado de Castro e Bolsonaro, o deputado Sóstenes Cavalcante, que integra a bancada evangélica na Câmara, acionou o Ministério Público Federal e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), além de encaminhar uma moção de repúdio à Câmara dos Deputados, pelos "atos imorais praticados pela cantora Madonna e todos os demais artistas convidados" no show na Praia de Copacabana.

"O show da icônica cantora pop no Rio de Janeiro, que prometia ser uma noite de música e entretenimento, acabou se transformando em um debate acalorado sobre os limites da liberdade artística e os valores culturais do País", diz o deputado na representação.

Segundo o deputado, esse tipo de espetáculo "não apenas desrespeita o Estatuto da Criança e do Adolescente, mas também compromete o desenvolvimento saudável e adequado de nossos jovens".

"A sociedade contemporânea tem testemunhado uma gradual deterioração de seus valores e costumes, em detrimento dos preceitos morais e religiosos que fundamentam a nossa civilização. Tal deterioração impacta diretamente na estrutura familiar e na formação moral de nossas crianças e jovens, que são o futuro de nossa nação", diz.

Provável adversário do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), nas eleições municipais deste ano, o deputado Alexandre Ramagem teceu uma série de críticas ao espetáculo cultural por "uso de dinheiro público" e questionou "qual a construção ou desenvolvimento intelectual, moral ou familiar" da apresentação.

"A revolta não é contra a artista Madonna, mas pelo escárnio com o dinheiro público, pago pela população. Prefeitura fala em 'matemática' para justificar o injustificável show que poderia ser bancado integralmente com recurso privado, enquanto o carioca tem tantas outras necessidades no seu dia a dia", escreveu.

O governador Cláudio Castro, um dos anfitriões do mega show, também marcou presença na área VIP do palco montado nas areias de Copacabana. Nas redes sociais, o chefe do Executivo estadual comemorou o "sucesso da festa".

"Entregamos um megaevento memorável para o RJ! Antes, durante e depois: a atuação coordenada das secretarias e equipes do #GovRJ no show da Madonna garantiu tranquilidade ao público que prestigiou a rainha do pop. Aliamos planejamento, tecnologia e estratégia para garantir o sucesso da operação #MadonnaInRio. Muito orgulho do nosso estado como anfitrião de uma festa tão linda", escreveu.

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