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Avião cargueiro da FAB entra no combate a incêndios no Pantanal

Estadão Conteúdo
29/06/2024 às 15:24.
Atualizado em 29/06/2024 às 15:33

Um avião cargueiro da Força Aérea Brasileira (FAB) considerado um dos mais velozes do mundo na categoria vai ajudar no combate aos incêndios no Pantanal. A aeronave KC-390 Millenium chegou nesta sexta-feira, 28, em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, vindo da base aérea de Anápolis, em Goiás, com 19 tripulantes e um reforço de 32 militares. O Pantanal já registrou 3.455 focos de queimadas este ano, número recorde desde 1988, quando o monitoramento começou a ser feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O KC-390 tem capacidade para lançar 12 mil litros de água a cada passagem, volume equivalente ao de uma piscina domiciliar de 4 metros de comprimento por 3 metros de largura e 1 metro de profundidade. A aeronave sozinha vale por quatro aviões do modelo air tractor, o mais utilizado no combate a incêndios. "Vamos poder chegar com grande quantidade de água em áreas inacessíveis para os bombeiros e brigadistas", disse o secretário de Justiça e Segurança Pública do Mato Grosso do Sul, Antonio Carlos Videira.

O avião, que recentemente atuou em incêndios florestais na Colômbia, possui um sistema modular que permite projetar a água pela porta lateral da fuselagem, mantendo o interior da cabine pressurizado. A tecnologia dá mais agilidade para as operações. Projetado para transporte e reabastecimento em voo, o KC-390 foi desenvolvido a pedido da FAB para substituir a frota brasileira do avião norte-americano Hércules C-130.

A aeronave pode transportar 80 soldados equipados, 66 paraquedistas ou 74 macas em configuração de evacuação aeromédica. A capacidade de carga é de até 26 toneladas e a velocidade máxima chega a 988 km/h. É uma aeronave brasileira, fabricada pela Embraer, e está na lista de produtos de defesa exportados pelo Brasil. Unidades já foram vendidas para Hungria, Portugal, Áustria e Coreia do Sul.

Estado decretou estado de emergência por causa de incêndios

O Mato Grosso do Sul, Estado que detém a maior porção do bioma, decretou situação de emergência na segunda-feira, 24, devido aos incêndios florestais fora de controle no Pantanal. Há 90 dias as chamas avançam quase sem trégua, devido à seca extrema vivida pela região e à ação humana. O número de focos este ano, até agora, já é 37% maior que os 2.523 focos no mesmo período de 2020, até então o ano com maior registro de queimadas.

Na última quinta-feira, 27, 40 homens e mulheres que integram a Força Nacional chegaram a Corumbá para integrar as equipes de combate ao fogo. Ao todo, foram mobilizados 415 bombeiros para atuar em 13 bases avançadas que foram instaladas para facilitar o acesso aos focos.

De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Jaime Verruck, a situação da seca e acúmulo de biomassa é pior este ano do que em 2020. "O volume de chuvas está com a menor média dos últimos dez anos e ainda não chegamos na época mais crítica, entre agosto e setembro."

Ministério Público investiga focos de incêndio

O Ministério Público do Mato Grosso do Sul está usando tecnologias para identificar as áreas onde têm início os focos de incêndio e atuar os proprietários. Entre as ferramentas estão o geoprocessamento e o sensoriamento remoto para identificar os focos no início.

Em ação conjunta com a Polícia Ambiental, o Núcleo de Geotecnologias (Nugleo) do MP já identificou 18 pontos de ignição, que geraram cerca de 56,6 mil hectares de incêndios florestais entre os dias 10 de maio e 23 de junho na região do Pantanal. Os incêndios serão investigados e os autores, se forem identificados, responderão por crime ambiental.

Conforme o promotor de Justiça do Núcleo Ambiental, Luciano Furtado Loubet, em todos os casos, mesmo que não sejam responsáveis pelo início do fogo, os proprietários das áreas terão de recompor os danos ambientais e adotar medidas para evitar novos incêndios.

Conforme o MP, desde a declaração de emergência ambiental no Pantanal, em 9 de abril deste ano, com proibição total do uso do fogo em atividades agrícolas, a região pantaneira em Mato Grosso do Sul já teve queimados 293 mil hectares.

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