Diogo já voltou aos treinos na última quinta-feira (Mateus Medeiros / Gazeta de Piracicaba)
O atleta olímpico piracicabano, Diogo Soares, encerrou sua participação nos Jogos de Tóquio entre os 20 melhores do mundo. Na apresentação final, no dia 28 de julho, obteve 81.198 pontos. Para isso obteve 13.466 pontos na barra fixa; 12.833 (cavalo), 13.700 (paralelas), 13.833 (salto), 13.233 (argolas) e 14.133 (solo).
De volta ao Brasil, Diogo desfrutou momentos de descanso com a família. Seu pai é o caminhoneiro Dorival Soares, a mãe é a dona de casa Adriana e a irmã, a educadora física Drielle.
Quando retornou do Tóquio o atleta já pediu para a mãe fazer pastel e cachorro quente,seus lanches preferidos.
Mas os desafios da ginástica artística exigem agora ainda mais dedicação e na última quinta-feira já voltou aos treinos com o técnico Daniel Biscalchin, na academia Pira Olímpica.
Indagado sobre o seu futuro, o jovem sempre sorridente e de respostas diretas disse que a rotina dos treinos vai continuar sempre em busca do melhor de seu potencial.
"Vamos dar sequência ao trabalho e continuar fazendo o que sempre fizemos, que é treinar duro. Em outubro, temos a possibilidade de disputar o Mundial, no Japão, então precisamos retomar para chegar bem. O Daniel é quem sabe o melhor caminho. O que posso dizer como atleta é que a cada dia vamos tentar evoluir, sem pensar na linha de chegada. Dificultando séries, com elementos mais difíceis, sempre pensando nos objetivos que temos pela frente", declarou.
A primeira Olimpíada fará parte de sua história para sempre. Ele foi muito elogiado pela sua concentração nas apresentações para o mundo. "Foi uma experiência que vou levar para o resto da vida. Aprendi muito com a competição, mudei a minha percepção sobre a ginástica, a forma como encarar os Jogos Olímpicos. Pude observar os melhores ginastas do mundo treinando, competindo, errando e acertando, e também como eles se comportam. Saí de Tóquio com uma visão mais ampla e com a certeza de que é possível ir mais longe", afirmou.
As próximas Olimpíadas acontecerão em Paris 2024, capital da França. E é claro, o jovem talento espera estar lá com o Time Brasil.
Na análise do técnico Daniel o foco desde antes de Tóquio eram os Jogos de 2024 e 2028 (Los Angeles-EUA). Dizer que a classificação para Tóquio, porém, foi uma surpresa seria um equívoco, mas o desempenho no Pan-Americano no Rio onde conseguiu a vaga olímpica foi excepcional.
O técnico explicou que a performance do atleta em Tóquio foi importante para a pontuação do país e ao próprio ginasta que se sentiu muito seguro. “Foi um resultado fantástico para a academia, para a cidade e para ele. Ganhou muita bagagem”.
Mental
Drielle, que serviu de inspiração para o irmão pois ela também foi ginasta, conta que ele sempre foi tranquilo e seguro.
Justamente o equilíbrio mental de Diogo é que arrancou elogios da comissão técnica brasileira. "Foi bem tranquilo (risos). Quando recebi a notícia de que eu participaria dos Jogos Olímpicos, fiquei nervoso, mas depois passei a concentrar as minhas energias na ginástica, em acertar as séries que treino aqui na Academia Pira Olímpica, sem desviar o pensamento para os resultados. O foco foi esse, competir bem", disse ele em relação ao seu desempenho.
A ginástica artística do Brasil fechou sua participação nos Jogos com o ouro no salto sobre a mesa e a prata no individual geral de Rebeca Andrade. Além disso, o Brasil registrou nove presenças em finais: Caio Souza e Diogo Soares no individual geral masculino, Rebeca no individual geral, salto e solo, Caio Souza no individual geral e salto, Arthur Zanetti nas argolas e Flávia Saraiva na trave.
No quadro de medalhas da ginástica artística masculina e feminina, o país se afirmou uma vez mais entre as potências da modalidade compartilhando espaço entre as melhores que reúne China, Rússia, Estados Unidos e Japão.
"A competição tem isso, só um vence. Ao longo de um ciclo olímpico de quatro anos muita coisa pode acontecer. Os atletas mudam as suas séries, evoluem, o código de pontuação também muda. São muitos fatores. O Brasil teve quatro finais olímpicas no masculino, o que é sensacional. A ginástica está crescendo bastante no país. A falta de medalhas (masculino) deve servir como um aprendizado, todo mundo vai trabalhar para que os futuros resultados sejam melhores", analisou o ginasta.
Para Daniel a equipe masculina foi muito bem e que os erros foram mínimos e por muito pouco não trouxe medalhas. O Brasil, disse ele, disputa Olimpíadas buscando pódios. “Temos muita influência e muita força nesse esporte devido às medalhas conquistadas nos mundiais e nas Olimpíadas”.
Quanto ao feminino, excelente participação. “A Rebeca chegou muito focada e muito bem preparada pela comissão técnica”, disse.
Repercussão do trabalho
Um pouco tímido, Diogo conta que é tudo novo para ele quando o assunto é a grande exposição mundial que teve. "É até estranho (risos). Não estou acostumado, né? Nos últimos dias, lá no Japão, pude acompanhar um pouco da repercussão pelas redes sociais e senti que o pessoal estava orgulhoso. Eu também estava muito feliz, assim como minha família e o meu treinador. É fruto de um trabalho que deu resultado. Esse é o foco. Não esperava uma repercussão tão grande. Eu tinha 10 mil seguidores no Instagram e brincava com o Arthur Nory (ginasta) que pensava em chegar aos 15 mil. No fim, estou com 60 mil. É muito gratificante", disse.
A pontuação
A 20ª colocação entre os 24 participantes na final da ginástica artística foi muito comemorada pelo atleta e pelo treinador Daniel, que ficou no Brasil o orientando e torcendo a distância. O técnico, antes mesmo que Diogo viajasse, já falava que ficar entre os 20 melhores seria uma grande evolução. O ginasta concorda. “No geral, estou muito contente, porque aumentei minha pontuação. Consegui pular para a 20ª posição. Acho que não poderia ter sido melhor”, comemora.
O histórico do ginasta reúne inúmeras conquistas e entre elas medalhas nos Jogos Olímpicos da Juventude, uma em Mundial Júnior, vice-campeão Pan-Americano, campeão Sul-Americano e dez vezes campeão brasileiro. A limitação de recursos, enfim, não impediu a vaga nos Jogos, porém, a torcida é que os apoios cheguem para que as próximas metas não sejam prejudicadas.
Além de a possibilidade de ser convocado para o Mundial do Japão em outubro, o atleta ainda terá pela frente o Campeonato Brasileiro, também no final do ano. “Vamos dar sequência ao planejamento a longo prazo pensando em 2024 e 2028. O foco é aumentar as dificuldades, manter a constância das séries, os elementos”, reforçou o treinador. (Com Confederação Brasileiro de Ginástica e AE)