Eliete foi vítima de um atropelamento provocado por motociclistas que disputavam um racha
André Luís Cia e a mãe, Eliete Aparecida Gandolfi Cia, falecida em 2015 (Divulgação)
“Apesar dos tombos que a vida lhe deu, ela nunca desistiu de viver", lembra o jornalista e roteirista americanense André Luis Cia, 40 anos de idade, ao falar da mãe, Eliete Aparecida Gandolfi Cia, falecida em agosto do ano passado em Americana, aos 56 anos de idade, e que tinha o sonho de ver sua história contada em um livro, ainda em vida. Não deu tempo, mas muitos deverão se espelhar nesta mulher que deixou um exemplo de vida a ser seguido por muitas pessoas que viveram, ainda vivem, ou passaram perto daquilo que ela viveu. Aos 36 anos de idade, Eliete foi vítima de um atropelamento provocado por dois motociclistas que disputavam um racha. Por ter perdido os movimentos dos pés, ela passou a andar com ajuda de próteses e muletas. Mesmo limitada, Eliete não esmoreceu. Dotada de um alto-astral inigualável e de uma autoestima contagiante, mesmo com todas as dificuldades, sendo a maior a de locomoção, ela não deixou de lutar por seus ideais. Sua batalha não se resumiu somente a isso: ela teve câncer, porém, mais uma vez saiu vencedora - a garra e a perseverança eram suas marcas registradas. Todas as histórias de luta, superação e amor à vida da dona de casa estão contadas no livro Desejo de viver, da editora SC Literato, escrito pelo próprio filho de Eliete. O livro será lançado no dia 27 deste mês, às 19h30, na Heaven Lounge, localizado na rua 12 de Novembro, 613, centro de Americana (a entrada é um quilo de alimento não-perecível). André Cia, que foi repórter da Gazeta de Piracicaba, decidiu publicar a história de sua mãe após saber, por meio de uma tia, Iracélia, que Eliete falava que seu último desejo em vida era contar sua trajetória em um livro. Para ela, isso poderia ajudar outras pessoas a nunca desistirem de viver. Foi mais um momento de lágrimas do filho que, muito abalado ainda com a morte da mãe, se dizia pensativo e se questionando de onde tiraria forças para escrever a história da pessoa que ele mais amou na vida e agora teria de conviver também com a dor da perda. O desafio maior seria remexer em muitas lembranças, o que poderia afetá-lo ainda mais. Ao mesmo tempo, pensava que não poderia deixar de fazer isso em memória da mãe. "Essa foi a missão que ela me deixou, e eu só sossegaria quando a cumprisse", declarou. Dois meses após o falecimento dela, o jornalista entrou na cozinha de seu apartamento, sentou-se à mesa e lá começou a escrever. "Era como se minha mãe estivesse assoprando cada palavra que gostaria que estivesse na obra. Foi algo muito forte, mágico. Em menos de duas semanas, eu já tinha grande parte do livro escrita. Agora, irei lançá-lo". Protagonista Eliete Aparecida Gandolfi Cia nasceu na cidade de Santa Albertina, interior de São Paulo e mudou-se para Americana aos 15 anos. Foi nesta cidade que se casou, teve dois filhos - André e Isabela Flávia -, sofreu o acidente que transformou sua vida, tornou-se avó de Ana Clara, e viveu por mais de 40 anos.